segunda-feira, julho 28, 2025

Manhã soalheira

     As coisas banais crescem como cogumelos alucinogénicos e crescem por todo o lado infectando mentes e paisagens com a sua estranheza aparentemente inofensiva. A cadeira não teria nada de extraordinário não fosse o estranho ângulo que fazia com a mesa (que tinha uma perna ligeiramente mais curta que as outras o que a tornava instável e perigosa).

    Sobre a mesa uma jarra com água. Tudo dentro da mais fastidiosa normalidade. No entanto o sol que entrava pela janela (não tão limpa quanto poderia e talvez devesse estar) trespassava o jarro e atirava sobre o tampo da mesa um desenho feito a facadas luminosas que tremelicou quando o gato esfregou as costas ociosas na perna bamba fazendo oscilar todo o conjunto.

    A aranha festejou na sua teia a chegada de uma mosca incauta. 

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