terça-feira, julho 29, 2025

Lâminas

     A mentira não crescia, mantinha-se estável, tão estável que talvez nem pudesse ser considerada traição. Os olhares tensos cruzavam-se no espaço do quarto formando uma perigosa teia de fios brilhantes, duros como aço e afiados como lâminas. Se algum dos presentes se movesse correria risco de vida imediato. Ninguém se atrevia a, sequer, piscar os olhos com receio de perder a sua pequena vantagem.

    Assim permaneceram por longos minutos até que a rapariga loira, sentada na poltrona de cabedal luzidio, resolveu quebrar o silêncio. E o tempo regressou e voltou a correr. Até ao fim.

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