Impossível. É-me impossível manter um ritmo diário de escrita. Não é que não queira, não é que não possa, não. É porque me esqueço. Essa é a mais implacável de todas as razões e contra ela pouco há a fazer. Talvez tomando Memofante. Forte.
Impossível escolher a quem confiar o meu voto quando nenhuma das candidaturas apresentadas me inspira confiança. Uma ou outra faz-me despertar uma confiançazinha pequenina, um broto, uma ténue sensação de "je ne sais quoi" mas nenhuma o suficiente para que, no dia da verdade, cruze dois traços no quadradinho que lhe corresponda. Impossível. Resta o voto em branco. Abstenção não é opção.
Impossível ficar indiferente ao genocídio do povo palestino. Indignação e, por vezes, raiva irrompem em mim de forma mais ou menos descontrolada perante as notícias que vão chegando. Mas todo o meu sentimentário resulta estéril. Qualquer atitude, qualquer discurso, qualquer coisa que pretenda fazer a propósito disto não representa absolutamente nada em termos práticos. Não aquece nem arrefece. E fico a pensar se a minha indignação teria o mesmo tom e semelhante intensidade caso estivesse deveras envolvido no processo, caso tivesse outra proximidade espacial e emocional à Palestina e ao seu povo. Impossível saber.
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