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terça-feira, novembro 01, 2022

O cavaleiro do Apocalipse

     Com o fim do mundo humano a ganhar forma (sim à guerra, as alterações climáticas que se lixem) Deus vencerá a disputa eleitoral com a Democracia, derrotando-a por larga margem. Em momentos de desespero provocados pela iminência do fim até o mais empedernido dos ateus sente um frémitozinho que o leva a ponderar a possibilidade de haver algo mais do que a morte. Perante a morte a Ciência tende a perder razão; Deus não.

    As narrativas do ano mil informam-nos de uma loucura suplementar que tomou as mentes dos seres humanos perante a aparente inevitabilidade do fim dos tempos. O desvario transforma-se em norma quando a racionalidade é engolida pelo medo. O medo é o grande lobista de Deus e parece trabalhar a troco de nada, como trabalham os demónios, apenas pelo prazer de mostrar a sua força, a sua razão, a sua omnipotência.

    Virão em breve tempos de desespero absoluto com Deus montado na sua terrível sede de vingança, capaz de julgar-nos a todos culpados da sua inépcia criadora? O Apocalipse tem um cavaleiro, apenas um.

sexta-feira, dezembro 06, 2019

Tempo e espaço

Esta manhã apercebi-me que quando estou a ler desapareço no tempo (embora permaneça no espaço). O mesmo acontece quando desenho e pinto, o tempo perde o significado pretensamente exacto que lhe é conferido pelos relógios. Flutuo algures. O meu corpo permanece no espaço (da cozinha, da sala, do sótão) mas eu flutuo algures, flutuo em lugares (poderei designar esses espaços por "lugares"?) aparentemente exteriores.

É como um transe, imagino.

Ler, escrever, pintar, são actividades que normalmente envolvem um mínimo de movimentos. O corpo permanece num espaço muito limitado, não se desloca de forma significativa e o cérebro fervilha processando informação quebrando a película rígida que separa diferentes dimensões e eu sou levado.

Leio as frases escritas acima e nada daquilo merece rótulo de "realidade". Embora constituam uma sequência de ideias e conjecturas a carecer de confirmação, tudo aquilo me faz sentido e quase sou capaz de acreditar que o meu Ser não é uno, que há partes de mim que se separam em determinadas ocasiões e existem momentaneamente em diferentes estratos espaciotemporais.

Há coisas em que acreditamos mas não somos capazes de provar.