quinta-feira, junho 02, 2022

Um imenso adeus

     É com uma incómoda sensação de impotência que assisto ao esboroar do sonho democrático provocado pela crescente imposição da força bruta, da supremacia arrasadora da lei do mais forte. Regressamos à selva. O Estado de Direito perde pontos a cada dia que passa. À medida que o Conhecimento vai perdendo aceitação entre o povo (há mesmo uma espécie de vingança dos ignorantes contra os intelectuais) elegemos governantes cada vez mais boçais e agressivos, pessoas para quem a Democracia pouco mais é que uma palavra. 

    A utopia de um espaço geopolítico onde os direitos das minorias são reconhecidos e defendidos pela lei é cada vez mais uma névoa dispersada pelos ventos furiosos disparados pelas autocracias e pelos partidos de extrema-direita que vão escavando os seus ninhos nas sombras da sociedade. Uns e outros, democratas e fascistas, dependem demasiado da força económica. Serão todos alimentados pelos mesmos interesses?

    A Pós-democracia não é um conceito discutível, é a realidade em que vivemos. Repito mais uma vez, as grandes decisões que influenciam as nossas vidas não são tomadas por aqueles que elegemos. São tomadas por aqueles de quem dependem os nossos eleitos, os donos do guito, os manobradores, os manipuladores de marionetas. O sonho de uma sociedade mais justa vai ficando mais longe, mais longe, mais longe...

2 comentários:

the dear Zé disse...

essa é que é a porra, caminhamos em direção a um monstro confuso e assustador...

Silvares disse...

Estamos entregues à bicharada!