Quando foi que um gajo sonhou com a possibilidade de virmos a construir um mundo mais justo, mais equilibrado na distribuição da riqueza e na diminuição da miséria? Foi algures entre "O Capuchinho Vermelho" e "As Aventuras dos 7"? Talvez um pouco mais tarde, ali por alturas do "Robin Hood" ou do "Spartacus, a revolta dos escravos". A chamada "idade adulta" conspurca todos os sonhos de pureza, põe-nos um serrote nas mãos quando somos apresentados ao Unicórnio.
O facto de pertencer à classe média (baixota) de um país (pobretanas) entrado na União Europeia faz de mim um felizardo do caraças! Nunca passei fome que não fosse por opção, nunca fui à guerra, já não houve tempo para isso, sempre habitei casas razoavelmente confortáveis. Isto faz de mim um privilegiado, põe-me no montinho dos exploradores. Não me queixo.
Se estivesse no monte dos deserdados da sorte, dos que comem trampa e vivem na rua, qual seria a minha filosofia de vida? Tentaria viver de acordo com as regras enquanto esperasse que algum cabrão endinheirado reparasse em mim, tão pobrezinho e tão asseadinho? Ou faria tudo o que estivesse ao meu alcance para obter aquilo que imaginasse fazer-me falta? Estou em crer que a distância entre o lobo e o carneiro é muito mais curta do que possa parecer, mesmo à segunda vista.
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