Hoje comemora-se o Dia da Criança. É uma ideia bonita que vai perdendo ou ganhando significado conforme a criança que comemora. Há certas zonas do planeta onde as crianças são soldados, noutras são trabalhadoras a soldo de empresas mais ou menos grandes, há locais onde ser criança é um pesadelo (e não precisa de ser um local geográfico definido por fronteiras terrestres). Há crianças ricas que são infelizes e outras que, sendo pobrezinhas, transbordam felicidade. Ser criança não obedece às definições impostas pelas organizações internacionais que se ocupam em organizar estratégias que defendam esse estatuto.
Há crianças que nunca chegam a sê-lo, algumas nascem com a velhice já ali ao dobrar da esquina. Há, por outro lado, crianças que nunca deixam de o ser até ao dia longínquo em que batem as botas. Há crianças que vivem a infância num estado de permanente felicidade; são tão felizes, tão felizes que algumas ficam estúpidas para o resto da vida.
Podia estar para aqui a elencar indefinidamente estados de alma e situações sociais que ora atrapalham ora beneficiam a condição de ser criança. Esses estados de alma e situações sociais são tantos, tão variados, dependem de tantas variáveis que se combinam de forma tão aleatória, que é difícil imaginar como comemorar o Dia da Criança.
Deve ser por isso que hoje de manhã, quando fui ao centro comercial fazer algumas compras havia uma fila de centenas de criancinhas alinhadas na entrada principal. Quando subi as escadas vindo do estacionamento a algaraviada das suas vozes infantis ribombava pelo espaço agitando o templo do consumo. O que estavam aquelas crianças a fazer ali? Decerto haverá uma boa razão que eu, no entanto, desconheço.
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