quarta-feira, agosto 06, 2025

Cada mercado sua Lei

    Um gajo bem tenta fugir ao Sagrado mas o Sagrado nem se apercebe. Um gajo tenta ignorá-lo, afastá-lo, dar-lhe uma martelada, riscá-lo, metê-lo num saco e atirá-lo ao rio mas... nada! Nada resulta. O Sagrado não desaparece apenas porque alguns de nós insistem em fazer-lhe uma guerra permanente. O Sagrado é de outra dimensão, tem uma categoria muito acima das nossas capacidades cognitivas.

    Um gajo bem pode tentar fugir ao Sagrado mas o Sagrado não foge dele. Portanto está tudo lixado e nada faz sentido. Tudo lixado para o gajo que tenta fugir, porque para o Sagrado é exactamente a mesma coisa e o seu contrário. Na dimensão do Sagrado não há muito nem pouco, nem luz nem escuridão, nem certo nem errado, nem cavalo nem égua, é tudo farinha do mesmo saco, tudo serve para o alimentar continuamente de modo a que nunca sinta fome e esteja sempre saciado (se bem que, para o Sagrado, a fome e a fartura devam ser uma e a mesma coisa se bem que opostas em absoluto).

    Há neste discurso incongruências e a lógica que lhe assiste ronda perigosamente a da batata mas, como falar do Sagrado? Como estabelecer um código de linguagem que traduza a relação que estabelecemos com o Sagrado? Sim, como é que isso se faz? Há sempre um padreca ou um bispo evangélico ou outro oportunista de meia-tigela prontinho a esclarecer as tuas dúvidas, assim tenhas algo comerciável com valor determinado neste mercado de transacções.

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