terça-feira, setembro 20, 2022

Sonhos alheios

Parece evidente que o “sonho americano” não é para todos nós sonharmos. É um sonho apenas ao alcance dos grandes (os grandes da política, da finança, do desporto, do espectáculo, etc.) que nos é servido goela abaixo pelos meios de comunicação de massas. 

 

A forma como nos é impingida esta narrativa mostra que os diferentes canais noticiosos são, afinal, desconcertantemente semelhantes. Fica a sensação de que há uma pretensão mais ou menos velada de nos transformar a todos numa espécie de zombies sociais. Zombies que andam de um lado para o outro à procura de um pedaço de sonho americano para devorarem num ápice e que, logo após o terem consumido, voltam a arrastar o seu desejo sem que se vislumbre outra vontade que não seja a de saciar esta fome inumana. É a discreta transformação dos cidadãos em consumidores.

 

Talvez vá sendo tempo de compreendermos que o “mundo ocidental” está a cantar como um cisne e que as gerações futuras irão habitar um mundo com equilíbrios geopolíticos muito diferentes dos actuais onde, temo bem, o discurso dos Direitos Humanos não terá lugar, nem sequer como ornamento. É o “sonho chinês”?

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