Aproxima-se a data da Revolução. Falta à volta de uma semana para que passem 41 anos sobre o "tal" dia.
Os saudosistas de esquerda vão falar da alegria imensa, do céu azul, da gaivota mais aborrecida de que há memória (aquela que voava, voava), da luta contra a opressão, dos direitos dos trabalhadores, da coragem das mulheres e dos homens que resistiram à (puta da) ditadura, dos campos do Alentejo e da reforma agrária, dos operários em luta, dos sindicatos, das bandeiras vermelhas, dos cravos (vão encher a boca de cravos vermelhos) e vão cantar a Grândola, Vila Morena (choro sempre nessa parte e lembro o Zeca com muito carinho, não sei porquê, sinceramente não compreendo esta parte de mim). No fim vamos todos beber uns copázios valentes (que eu sou destes, não sou dos outros) e, por uma vez, não iremos zurzir na gentalha que agora nos governa, nem engendrar planos mais ou menos malévolos para distibuir pelo povo o que é do povo. Estamos felizes e o coração aveludado não está para venenos.
Os saudosistas de direita vão escarrar sobre os cravos, vão lembrar: "Angola é nossa!", esticar os braços direitos como se estivessem a mostrar as unhas ao mestre-escola (escondendo a do polegar... o que fazem eles com o polegar para o esconder desta forma?), talvez berrem o hino nacional, vão ao barbeiro rapar o cabelo e vão tatuar cruzes suásticas sobre o peito que o nacionalismo é muito lindo mas o internacionalismo é muito mais lindo. Há outra estirpe de gente de direita, gente educada e bem cheirosa, que vai lamentar a perda de valores, a falta de reconhecimento que os pobrezinhos mostram a quem lhes quer tão bem, as praias do Algarve cheias de gentinha mixuruca, o facto de os ricos serem cada vez mais ricos mas agora toda a gente saber e muitos não gostarem deles principalmente quando são os tais pobres, agora cada vez mais pobres, vão lembrar: "Angola é nossa!", enfim, a gente educada de direita tem tanta coisa para lembrar!
Eu era uma criança naquele tempo. Agora sou um cinquentão. Lembro-me que o 25 de Abril me comovia ao ponto de sentir o coração explodir de alegria. Com o passar do tempo a explosão foi perdendo potência e, agora, parece mais um estalinho do que bombinha de carnaval. Se nã o fosse a Grândola nem uma lágrima vertia.
Viva o 25 de Abril! 25 de Abril, sempre! Fascismo, nunca mais!!!
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