A passagem mais famosa do mito do rei Midas é aquela em que ele consegue de Dioniso o dom de transformar em ouro tudo aquilo em que toca. O pormenor de Midas ser pessoa de raciocínio lento, um estúpido, se não estivermos com rodeios, nem sempre é devidamente salientado.
Após se ter apercebido da enormidade do dom que obtivera, Midas beneficia da compreensão de Dioniso (teve sorte!) e a coisa resolve-se com um mero banho na nascente de um rio. Mas a tacanhez de espírito de Midas vai valer-lhe as célebres orelhas de burro, presente de um Apolo irritado.
O mito é daqueles bem conhecidos mas o que me impressiona é a burrice da personagem. Como se a concupiscência decorresse de uma notória incapacidade para compreender o mundo. Midas, estúpido como um calhau, é a imagem da ambição desumana. As orelhas de burro o símbolo da sua glória.
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