Acontece. Ficara sozinha no salão a dançar uma valsa metida a tango. Todos haviam abandonado o baile. Ela imaginava-se a mais bela, a mais apetecível das criaturas. Pensava que não haveria quem lhe não fizesse a corte que era desejada que seria assim para sempre. Mas estava enganada. Já poucos lhe davam atenção e nenhum a amava (nunca a amara) de verdade. Talvez se tivesse apercebido disso ou talvez tenha apenas sentido uma grande vontade de apanhar o ar fresco que vinha soprado do mar. Saiu, pisou o areal e contemplou a lua magnífica que estendia uma passadeira prateada desde a linha do horizonte até aos seus pés, agora beijados pela espuma das ondas. Pensou que poucas imagens poderiam ser tão kitsch como aquela. Sorriu. Um touro branco emergia das águas e avançava decidido na sua direcção.
segunda-feira, outubro 03, 2022
O rapto
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