Quando o tema é o futebol, sabemos bem, surgem milhentos “treinadores
de bancada”, entendidos, capazes de engendrar as estratégias mais imprevistas e
criativas que teriam impedido a derrota, que teriam potenciado a
vitória à quinta casa ou seriam capazes de engalanar o empate com credenciais de feito
extraordinário, o empate como sucesso último de uma inquestionável visão de
futuro. Somos um país de poetas e de treinadores de futebol.
Mas, pasmemos cidadãos, há outro tema capaz de espevitar em todos nós
uma inteligência adormecida, uma inteligência que aguarda indolentemente a mais
leve oportunidade para espreitar a luz ofuscante de um prometido dia solarengo;
falo da educação.
Quando o tema é “educação”, os especialistas, os profetas, os
entendidos, saem debaixo das pedras a um ritmo próximo da alucinação. Sejam professores,
catedráticos (ou nem por isso), comentadores mediáticos anquilosados, chefes de
redacção sem assunto, políticos entediados, presidentes de junta, gente de
maiores ou menores vistas, cidadãos anónimos chateados com a nota do seu
educando no último teste realizado em contexto escolar, meros repórteres a quem
foi distribuída a tarefa, ficamos confusos perante a insana capacidade de
emitir opinião demonstrada pela sociedade portuguesa em tão complexo tema. Talvez
por isso, a política de educação em Portugal continua a fugir para a frente de
si mesma, sempre em passo acelerado, capaz das cabriolas mais estonteantes, aos
saltos para trás, aos saltos para a frente, qual cabrito-montês perdido numa imensa
planície.
O novo ministro da coisa veio desembestado, em sintonia com o seu
predecessor, na linha de Maria de Lurdes Rodrigues: desfazer o que foi feito,
fazer o que já tinha sido experimentado, numa confusão de gestos e intenções
que, verdade seja dita, não traz nada de novo, apenas sublinha a proverbial
confusão em que mergulham as mentes mais iluminadas quando o tema é “educação”.
Acredito nas boas intenções de Tiago Brandão Rodrigues, tal como acreditei, à
partida, em Nuno Crato. Mas, tal como o anterior ministro, também este tropeça nas próprias intenções, uma e outra vez, vem cambaleante ameaçando estatelar-se ao comprido.
A Educação não é coisa que se resolva de um dia para o outro. Qualquer
medida implementada precisa de tempo para ser testada. Será isto difícil de
compreender? Poupem os professores a esta girândola maluca que é a produção de
legislação educativa. Até se me torce a língua, mas apetece dizer: “deixem-nos
trabalhar”! Não façam de nós os palhaços deste
vosso triste circo.
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