Pessoas sussurram, espalhadas pela sala, sussurram. Sussurram por serem poucas e a sala pequena pois quando há muita gente as pessoas falam alto. Quando está muita gente nesta sala as pessoas todas parecem berrar, embora apenas falem mais alto do que seria de esperar.
As pessoas fazem-se ouvir.
Mas, por agora, sussurram. Serão segredos aquilo que levam as palavrinhas que lhes saem da boca? Serão mexericos, pequenos insultos, pequenas verdades, grandes mentirinhas? Se fossem coisas de ouvir as pessoas haveriam de falar mais alto. Sussurram como se falassem com Deus, como se estivessem escuras numa igreja sombria e fria.
As pessoas sussurram. As pessoas zumbem. Como laboriosas abelhas, recolhem pólen das ideias para produzir sabe-se lá que merda de mel!
1 comentário:
Parabéns Rui. Clara como água a descrição da enebriada escuridão dos dias.
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