É uma sensação estranha. Ter plena consciência da mediocridade dos que ocupam os lugares cimeiros da hierarquia do Estado. Saber, sem esforço, que ou são desonestos ou simplesmente inaptos para o desempenho dos cargos de chefia e decisão que lhes atrapalham o cinzento das ideias.
Uns são mais para o mesquinho, outros simples imbecis. Alguns são maldosos e maquiavélicos competindo com seres intelectualmente indigentes, a quem o fato e a gravata dão aquele aspecto grave e digno com que enganam as câmaras fotográficas e vão convencendo o Zé Pacóvio de possuir condições mínimas para fingirem ser o que são. Uma coisa têm em comum: são todos doutores ou, se o não são, vão sê-lo rapidamente.
É estranha esta sensação de que todos os malabaristas, palhaços, ursos, trapezistas, atiradores de facas e demais personagens circenses que ocupam os lugares cimeiros da hierarquia do Estado não passam de arrivistas incultos. Devo estar a ficar velho. E jarreta.
Decerto estou a delirar, a ficar gágá, já não percebo nada do que realmente se passa à minha volta. Ando confuso. Como poderia ser verdade aquilo que imagino? Se é o povo que elege estes gajos como poderia o povo elegê-los uma e outra vez apesar de tudo? Teria de admitir a possibilidade de o povo ser simplesmente burro ou, pior hipótese, ser um povo de aspirantes a aldrabão que idolatra os que provam ser os mais aldrabões de todos vendo neles a figura do chefe ideal.
É estranha, esta sensação.
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