Sinto-me glóbulo vermelho, leucócito. Levado num fluxo, sou sanguíneo ou então serei água a fugir num esgoto. Sinto-me uma merda qualquer. Uma coisa que puxa e que é puxada, coisa que leva tudo à frente, a correr, a correr dentro de um tubo, a correr desvairada. Sinto-me goo goo muck.
Agora tenho um interior luxuoso: aveludadas tripas, alma acetinada e um olhar carmim a deitar sobre o mundo esta estranha luz que banha o túnel onde vou dançando os meus passos. Por momentos viajo no tempo, regresso à adolescência.
Entro no comboio e vou à boleia no ventre de um fantasma, avanço ao ritmo dos seus movimentos peristálticos. Chegado à última estação sou cagado na plataforma. Regresso ao mundo do costume.
Tiro os auscultadores. Já não me sinto tão goo goo muck mas há sempre qualquer coisinha que fica.
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