Esta nossa vida virtual deixa um rasto longo e mais pegajoso que o de uma lesma gigante. Nós morremos e continuamos a receber felicitações automáticas pelo nosso aniversário, ofertas de negócios irrecusáveis, oportunidades únicas para umas férias inesquecíveis no próximo verão. Mensagens brutalmente pujantes, a transbordar de felicidade e com promessas de um futuro muito, mas mesmo muito, melhor!
Melhor do que a morte? Promessa um tanto arriscada uma vez que a vida é coisa vagamente conhecida, já a morte...
Enfim, quando morrer gostaria de ser apagado da NET. Gostaria de ficar apenas na memória daqueles que realmente me conheceram, daqueles com quem me cruzei e dexei algum tipo de impressão ao longo da minha vida verdadeira.
Que me desculpem os amigos que conheço apenas por esta via mas: blogues fora, página no Facebook apagada, e-mail eliminado, etc. até ao mais completo olvido virtual. Haverá alguma empresa que se dedique a receber estas últimas vontades e se comprometa a levá-las a cabo?
Parece-me uma frágil oportunidade de negócio para jovens informáticos com espírito empreendedor. Frágil como a vida.
3 comentários:
Um texto muito interessante, Silvares !
Como sou um jovem empreendedor , tenho o meu tempo todo preenchido mas posso sugerir que o seu futuroÚLTIMO DESEJO seja cumprido.
Um familiar não poderá encarregar-se disso ?
Olhe, deu-me uma óptima ideia !
Um abraço.
Oi, Silvares!
Pelo menos o facebook dispõe de uma função em que podemos pedir que a conta de uma pessoa da família seja extinta. Tem uma certa burocracia como o envio da cópia autenticada da certidão de óbito.
Em tempos de aplicativos, poderíamos unir o útil ao agradável, pois já existe um aplicativo que indica dia e hora da morte a partir dos nossos hábitos. A conjugação viria de um outro que extingue em um clique todas as nossas contas no mundo virtual.
Por enquanto fico com o método antigo e guardo as minhas senhas em um lugar em que alguém da família possa deletar tudo.
Pois é triste ler comentários de quem não sabe que alguém morreu e pensa que foi esquecido por essa pessoa. Uma amiga tem um blogue que ainda recebe comentários, só que ela partiu faz um mês...
Temos aqueles amigos da infância que não sabemos por onde andam. Podem ter morrido. Em todo o caso, a morte deles é virtual para nós, até que se prove o contrário.
Beijus,
João, não faço ideia!
Luma, é estranho pensar nisto. É como se este universo virtual fizesse de nós uma espécie de fantasmas.
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