Acorda triste sem saber porquê. Cumpre as rotinas com sinceridade. A tristeza mantém-se, é como se lhe roesse as unhas dos pés. Sentado, mastiga o pão, bebe o café. Tem o olhar fixo na parede em frente. A parede é verde desmaiado. Sente-se fraco. Sente-se ainda mais triste.
Levanta-se. Apetece-lhe terrivelmente um cigarro mas deixou de fumar há nove meses. Esta constatação traz-lhe uma ideia estúpida à cabeça. Sente-se pior. A tristeza matinal vai-se transformando em auto-comiseração. O que fazer? Continuar a cumprir religiosamente a rotina não lhe parece ser suficiente. Não há salvação possível.
Volta-se para a estrada. Os carros passam deslocando-se com velocidade comedida. Fica assim durante algum tempo: estático, absorto, fantasmático. Resolve dar um passo em frente e abandonar o local.
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