sexta-feira, janeiro 18, 2019

Expor

Eu próprio junto a "Le Philosophe" desenho com canetas de gel sobre papel Fabriano, 210X150cm

Inaugura hoje uma exposição de desenhos da minha autoria. Poderia dizer que é "mais uma" mas, para ser sincero, uma nova exposição nunca é "mais uma". Antes de mais, apesar dos meus 56 anos de idade e de uma produção razoável de objectos com pendor artístico, a minha actividade expositiva é notóriamente modesta em número.

Um certo acanhamento e uma espécie larvar de modéstia (também em termos de influência) aliados a uma razoável dose de preguiça terão contribuído para que os anos tenham passado e a minha capacidade de expor trabalho publicamente se tenha revelado tão limitada. Quando penso nisso noto apenas como a intensidade dos sonhos se altera com a idade. Não me sinto injustiçado nem reconhecido. Na verdade não sinto nada de especial.

A coisa que mais me preocupa é quando perco instinto criativo, quando fico algum tempo sem sentir vontade nem impulso para voltar à ilusão de fazer um desenho ou uma pintura ou escrever um texto que me anime.

Para já tenho uma selecção de trabalhos (posso dizer que sou comissário de mim próprio) criteriosamente colocados sobre as paredes do Quarteirão das Artes, em Almada. São trabalhos realizados com esferográfica e canetas de gel sobre papel com dimensões que variam entre 50X65cm e os 210X150cm.

Quando li "Narciso e Goldmund", de Hermann Hesse, interiorizei uma possibilidade relacionada com a criação artística que me faz reflectir com frequência  sobre a hipótese de tudo isto não passar de mera exibição de vaidade. A minha educação católica faz-me envergonhar, corar um pouco, a minha experiência de vida como agnóstico leva-me a perguntar: Sim... e depois?

Fica bem que eu também.

1 comentário:

Anónimo disse...

Rui, estive aqui, li e levei a imagem para ilustrar minha crônica dia 14 de maio próximo. Forte abraço.