quarta-feira, novembro 23, 2011

O dedo e a lua

Diz o ditado que "ao tonto aponta-se-lhe a lua e ele fixa o dedo" (é qualquer coisa assim, interessa-me a ideia). Nos últimos tempos só se pensa na crise da dívida, na greve geral de amanhã em Portugal, nas falcatruas dos poderosos, enfim, andamos a olhar tantos dedos apontados em todas as direcções que a lua lá continua, pregada no céu e já poucos são capazes de a olhar com olhos de contemplação.

Quando as coisas correm mal tendemos a esquecer a beleza, quando a miséria nos entra pela casa dentro aos trambolhões a arte é a primeira coisa que esquecemos. Como se deixasse de existir. E se tentássemos contrariar esta fatalidade?

E se tentássemos combater a raiva com a beleza, a dor com o sublime, enfim, se ao focinho da estupidez atirássemos a arte? Serei tonto, acredito, mas talvez a resposta adequada não seja bem aquela que estamos a tentar. Talvez haja outras formas de viver e ultrapassar o desespero das coisas fatais.


4 comentários:

Jorge Pinheiro disse...

Mais que um utopia, uma maneira de ultrapassar um certo circlo vicioso e viciado de inevitabilidade social. A questão é como fazer...

Silvares disse...

Jorge, faz-se fazendo...

:-D

luísM disse...

Pois, a arte não entra de férias, o mercado talvez! Através dela podemos encontrar respostas que o raciocínio, enfocado em determinadas premissas, não consegue atingir, porque lhe é mais difícil resolver os paradoxos. O desafio dos tampos também é um desafio na arte. Assim um pouco à maneira daquele indígena que anda a discutir "a crise da arte e a arte da crise", olhando para a história dos últimos 250 anos...

Silvares disse...

Talvez se encontrem algumas respostas impossíveis através da metafísica...