segunda-feira, junho 06, 2011
O que podemos desejar?
Este é um tema algo polémico. Tem a ver com as expectativas de cada um de nós perante um objecto estético de contornos desconhecidos, a forma como estabelecemos relação directa com ele, como se materializa no nosso espírito o resultado de uma revelação.
Ah, pois, esqueci-me de dizer que tema estou a tentar trazer para a conversa. A coisa tem a ver com o comentário do Jorge Pinheiro, do Expresso da Linha, ao meu post anterior. O tema é a velhíssima questão das diferentes opiniões que construímos perante o mesmo objecto plástico. A forma como os nossos olhos e a nossa mente estabelecem contacto e criam uma sensação particular, quando estimulados pela energia que emana de determinada obra de arte.
A questão tem (pelo menos) duas situações diferentes: ou temos um qualquer tipo de informação prévia sobre o objecto que iremos fruir, informação essa que nos cria expectativas específicas e nos ajuda a construir uma sensação por antecipação a que poderíamos chamar "pré-conceito"; ou então vamos para defronte do objecto sem qualquer tipo de informação e total ausência de expectativas. Nesta situação de virgindade absoluta, geradora da maior das ingenuidades, a surpresa é o maior dos riscos que corremos.
Esta introdução vem a propósito de "A Árvore da Vida" o mais recente filme de Terrence Malick . Trata-se de um objecto fílmico algo desconcertante por não obedecer àquilo que, normalmente, estamos habituados a receber quando nos sentamos numa sala de cinema depois de termos pago o nosso bilhete.
Penso que a nossa reacção pode ser determinada por factores muito variados e manifestar-se de diferentes formas que aqui vou tentar sintetizar em, apenas, duas: ou se ama ou se odeia. Não me parece que seja coisa para deixar nenhum espectador indiferente, situação muito comum nas salas de cinema quando vemos um daqueles filmes que é, apenas, "mais do mesmo".
Sendo a indignação uma das consequências possíveis (penso que foi, mais ou menos, o que aconteceu ao Jorge Pinheiro) é extraordinário, ou talvez não, que o espectador possa ficar deslumbrado, que foi o que me aconteceu a mim.
Talvez estas situações extremas possam mostrar até que ponto "A Árvore da Vida" é um filme interessante, deixando o potencial espectador em suspenso até entrar em contacto com o filme. Irás tu amá-lo ou odiá-lo, carissimo leitor? Não posso responder-te. Nem eu nem ninguém... apenas tu poderás encontrar a resposta.
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5 comentários:
prontos, tá bem. lá vou ter de ver o filme. e vou tentar ir sem pré conceitos...
Concordo com a abordagem. Sinceramente, não odiei o filme. É de facto uma concepção diferente. O que me incomodou e fez o filme parecer rídiculo,foi começar a empreender que era um filme de "auto-ajuda". Curiosamente, há muitos agora. Daí ao P. Coelho foi um instante. Bah... Abraço.
Zé, vais ver que não dói nada.
:-)
Jorge, não me pareceu haver por ali auto-ajuda... mas compreendo o teu ponto de vista. É uma coisa muito... cristã, ou algo do género.
Pior, é Paulo Coelho.
Aí não me posso pronunciar. Sou virgem nesse aspecto. Só conheço de ouvir falar e, como deves compreender, a curiosidade em relação a ele não é grande (para não dizer que não é nenhuma).
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