Na minha qualidade de professor numa escola pública onde se realizam exames, a nível de escola e a nível nacional, tenho como uma das minhas tarefas obrigatórias a vigilância. Todos os anos reunimos os professores numa sala e assistimos a uma longa e monótona exposição dos passos a seguir para que tudo se processe conforme a regras determinadas pelos serviços do ministério. São regras apertadas, dignas dos guerreiros de Esparta. Afinal de contas trata-se de impedir situações fraudulentas que os alunos examinados são adolescentes ardilosos, capazes dos mais inimagináveis expedientes para aldrabar o sistema.
É assim todos os anos.
Só que este ano a coisa ganha contornos especiais. Ficamos com o olhar mais focado no nosso desempenho como vigilantes uma vez que os acontecimentos recentes num exame do Curso Normal de Magistrados Judiciais e do Ministério Público colocaram a aldrabice num novo patamar de realização (ver aqui). Os aspirantes a juízes da nação portuguesa copiaram forte e feio, mostrando a todo o povo português a dimensão ética que os enforma.
A situação é patética mas, mais patética ainda, foi a primeira decisão dos responsáveis pelo dito exame. Os pequenos projectos de magistrado copiaram? Ok, a coisa resolve-se; passam todos com 10 valores. O caso transpirou para os jornais e o escândalo obrigou a revisão desta decisão aviltante. Resta-nos aguardar o desenlace desta palhaçada.
Ficamos a conhecer melhor aqueles que nos julgam e compreendemos um pouco de certas situações incompreensíveis que acontecem nos tribunais.
2 comentários:
Parece que vão agora todos a 2ª chamada para poder levantar a nota. EXTRORDINÁRIO!
Se não tivesse chegado à opinião pública tudo se tinha resolvido segundo as regras lá daquela coisa. Ou seja, segundo a ausência de regras...
Enviar um comentário