terça-feira, maio 17, 2011


O estranho caso do senhor DSK tem ocupado todos os noticiários e põe a cabeça a andar à roda aos socialistas franceses. Tem todos os ingredientes para proporcionar uma reflexão trepidante: sexo, dinheiro e muito poder. Mas não foi esse o assunto que hoje me fez pensar na vida. Não. O que me fez pensar na vida hoje foi um assunto de merda.


Leio no jornal uma notícia que fala de um movimento de cidadãos preocupados com a merda dos cães nos passeios das cidades portuguesas (ler aqui). Pedem os promotores desse movimento (que tem uma página no Facebook aqui) que lhes sejam enviadas fotos de poias abandonadas pelas ruas. Apresentam umas ideias curiosas, se bem que algo bizarras, relacionadas com a falta de civismo de muitos cidadãos, incapazes de recolher as caganitas deixadas pelos seus animais de estimação.

Mas o que me faz escrever estas linhas é outra coisa. Lembro-me bem, aqui há uns anos atrás havia muitos cães vadios, alguns deslocando-se em matilhas quase selvagens, deambulando por todo o lado. Em algumas situações chegavam mesmo a colocar as pessoas em situações embaraçosas. Quantas vezes não tive de me defender à pedrada ou ao pontapé ou tive mesmo de correr para me pôr ao fresco! Com a crescente organização dos serviços municipalizados essa bicharada foi desaparecendo de circulação, enfiada em canis. As ruas tornaram-se mais seguras.

Agora só há cães com dono, bichos fechados em casa que saem ao caír da tarde para fazerem os respectivos chichis e cócós, a maior parte das vezes seguros por trelas e com um ar pouco feliz.

Aconteceu algo semelhante com as crianças. Quero dizer, deixei de ver bandos de putos a correr ou a jogar à bola ou, simplesmente, aos pinotes e aos gritos pela rua. Agora jogam futebol em escolas especiais para aspirantes a Cristianos Ronaldos e jogam jogos de consola, enfiados nos seus quartos, com bonequinhos virtuais que correm por eles, saltam por eles e gritam por eles.

Nas ruas passam carros incessantemente, o vozear da petizada substituído pelo ronco dos motores, a cidade a deixar-se dominar pelo poder das máquinas. Mas, ao que parece, ainda com muita merda nos passeios.

6 comentários:

Anónimo disse...

Rui,

com "O estranho caso do senhor DSK" em pauta, vc vem me falar de cagadas de cachorro ??????? srsrs

Silvares disse...

Eduardo, repare que ambas as questões abordam a problemática da merda mas sob perspectivas diferentes.
:-)

Jorge Pinheiro disse...

A merda está por todo o lado. Só temos de escapar.

Anónimo disse...

pois é, qdo pensamos na vida muita coisa é difícil de digerir. E hoje, mais difícil ainda pois hoje é o Dia de Combate à violência Sexual Infantil. Difícil de falar e chegar a uma conclusão sobre, ficamos impotentes, como disse uma colega virtual a recomendação é muito simples: é preciso denunciar.
beijos
madoka

Silvares disse...

Jorge, o problema é que temos de estar sempre a olhar para o chão e cabamos por não olhar a paisagem.

Madoka, então denunciemos... e passemos à acção.

Chapa disse...

A pior merda, nem sequer é a que está no chão.