terça-feira, julho 30, 2019

Passeio na praia

Hoje de manhã fui até à praia. Bem cedo, pouca gente, muito vento. Resolvi passear a favor da ventania. Pessoas para trás, pessoas para a frente, aqui e ali uma gaivota, mais adiante um verdadeiro ajuntamento desta passarada.

Nesta conjuntura o pensamento espreguiça-se e vai andando mais à frente, por vezes atrasa-se, sinto-me uma espécie de autómato.

Foi então que reparei que tenho 56 anos e ainda não aprendi quase nada. Preciso de espaço para viver a minha vida mas não percebo muito bem como vivê-la. Haverá regras? Linhas gerais de orientação? Objectivos?

Sempre fui mais de fazer do que de reflectir, assim à maneira daqueles cowboys do velho Oeste, que disparavam primeiro e perguntavam depois. Vou deixando as coisas que faço, uma pista de bolinhas de miolo de pão; talvez um dia pretenda fazer o caminho de regresso.

Olho as gaivotas. Talvez elas comam as bolinhas e eu perca a noção do caminho de regresso. Não há volta a dar, resta-me avançar, ir fazendo, reflectindo... caminhei demasiado.

Quando fiz meia volta a minha atenção foi captada por outras coisas, outros pensamentos se formaram e esqueci tudo aquilo até que, sentado em frente ao teclado do computador escrevi isto.

É assim, a vida vai-se vivendo. Estou convencido de que é feita muito mais de esquecimentos que de recordações. Posso estar enganado. Na verdade nada disto interessa.

2 comentários:

Anónimo disse...

Curiosamente vc e o Jorge Pinheiro produziram textos fazendo um balanço dos dias atuais, partido da confissão da idade. Dois garotos, bons escritores, honestos com os dilemas da vida. Procure o texto na página dele do Facebook, e veja se não tenho razão.

Silvares disse...

Tem razão :)