terça-feira, novembro 22, 2016

Confissão

Eu gostava de ser bom como o Papa Francisco, gostava de ter aquela compaixão couraçada que ele mostra quando aconchega os fracos e os oprimidos e estica as orelhas aos exploradores e aos filhos da puta.

Eu gostava de ter a missão de espalhar a fé na justiça e na amizade entre os povos como vai fazendo António Guterres com aquele aspecto de suportar às costas um peso imenso sem nunca perder a coragem.

Oh, como gostava de sentir a inspiração das grandes causas, a força da esperança que outros depositassem em mim!

Mas não, sou um gajo com maus fígados. Dou por mim a desprezar certas pessoas que, se calhar, até nem merecem desprezo, a desejar que certos figurões se fodam forte e feio, não tenho a auréola de santo que gostaria de ter.

Enfim, sou obrigado a viver dentro de mim próprio, a suportar os pensamentos desviantes que me sopram aos ouvidos canções bandidas. É assim que sou. E, verdade, verdadinha, até que nem desgosto.

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