Alemães, austríacos, belgas (valões e flamengos), búlgaros, cipriotas,
croatas, dinamarqueses, eslovacos, eslovenos, estónios, espanhóis, finlandeses,
franceses, gregos, húngaros, irlandeses, italianos, letões, lituanos, luxemburgueses,
malteses, holandeses, polacos, portugueses (minhotos, beirões, ribatejanos,
alentejanos e algarvios), ingleses (de malas aviadas), escoceses e irlandeses
do norte (a hesitarem no aviamento das respectivas malas), checos, romenos e
suecos. Tantos povos, tanta gente, uma só União, a Europeia.
A pergunta que me dança na caverna craniana é: o que une esta União? É a
Cultura? A religião? É uma ideologia política? Algum Herói, algum sonho, um
ideal que seja? Não. Não me parece que haja outra coisa em comum além da deusa
Economia.
Mas, tal como o Cristianismo tem diferentes interpretações que se
materializam em Igrejas particulares que apontam diferentes caminhos para a
redenção das almas, também a Economia divinizada suscita debates acalorados e diferentes
vias para a redenção dos orçamentos dos estados. A confusão instala-se, a
coesão é uma espécie de batata que obedece a múltiplas lógicas voláteis. Pautar
a construção europeia por princípios económicos equivale a desfazê-la em
pedacinhos peçonhentos.
A Economia é uma divindade prostituta, pode
proporcionar prazeres momentâneos, êxtases magníficos mas, no fim do dia, exige
o pagamento devido sem oferecer qualquer tipo de afecto ao pagador.
Somos um
cadáver andante, um zombie sociopolítico, uma coisa votada ao esquecimento. Sem
solidariedade esta coisa de que fazemos parte não faz sentido. Sem cultura
Democrática somos uma bosta. E, como bosta que somos, havemos de ir esgoto
abaixo e, connosco, toda a magnífica utopia social-democrata será despejada no
Mar Mediterrâneo.
Sinto algum pesar por fazer parte deste epílogo histórico
mas, por outro lado, não me pesa o coração. A tristeza que me assalta é fruto
de não conseguir cumprir aquele que acredito ser o sentido da vida: deixar para
as gerações futuras um mundo melhor do que aquele que encontrámos. Antes pelo
contrário.
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