O caso tem todos os contornos de uma coisa infinitamente estúpida. Quem terá decidido que a obra "Portugal Enforcado", um trabalho escolar da autoria de um tal Élsio Menau, era merecedora de censura por parte do estado? Fazendo uma pesquisa breve na Net compreendemos tratar-se de um trabalho inofensivo e pueril.
O que me surpreende mais até é a nota de 18 valores com que o objecto acabou por ser avaliado. Eu sei que nessa avaliação está também considerada a dimensão conceptual da proposta plástica mas, tendo em conta a redundância da coisa, é precisamente por isso que me parece uma avaliação exagerada. Decerto os avaliadores estão lixados com a forma como o governo tem apertado o nó na garganta de cada um de nós, aqui representados por uma bandeira de algum modo colocada numa forca.
Decerto que não foi a discordância com a nota atribuída que levou um cidadão deste país a acusar de desrespeito ao símbolo nacional o "Portugal Enforcado" e, por arrasto, o seu autor. A motivação pidesca e rasteira de tal denúncia diz tudo o que haja a dizer sobre o seu autor.
Há, no entanto, uma possibilidade que ainda não foi considerada: e se o denunciante for um artista plástico (assumido ou que ainda não tenha compreendido a sua vocação artística) e a denúncia for a sua obra? E se este caricato caso de justiça não for mais do que um manifesto artístico escondido que reflecte sobre a vacuidade da justiça em Portugal? Se o artista pretender insinuar que os tribunais são uma das traves que sustentam a forca em que Portugal vai dependurado?
A Arte Conceptual leva-nos para territórios verdadeiramente selvagens.
4 comentários:
Não me tinha passado pela cabeça a hipótese de se tratar de uma auto-promoção !...
Já vimos tantas vezes a Bandeira Nacional ser içada ao contrário ou com uns pagodes em vez de castelos...
Um abraço.
Desde que houve um árbitro de futebol que viu um porco a andar de bicicleta já nada me surpreende.
:-)
Não terá sido por causa do nome?
Por acaso... quem põe um nome assim a um bebé?
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