Muito barafustamos nós com os chineses por eles não serem como nós dizemos que somos nem respeitarem os princípios que nós imaginamos respeitar.
Que não há Democracia na China, que não há Direitos Humanos. Ora bolas... os chineses que se lixem? Isso é que era doce!!!
A Democracia e os Direitos Humanos são invenções nossas, coisas surgidas no Ocidente, criaturas da nossa civilização, porque carga de água haveriam de dizer o que quer que fosse aos habitantes do Império do Meio?
Pois é mas... segundo rezam recentes previsões de encartados bruxos, o Produto Interno Bruto da China será maior que o dos Estados Unidos já em 2016, faltam dois anitos! A China será a maior economia do mundo em 2021, a sua moeda substituirá o dólar como reserva mundial em 2027 e, trema-se de pavor, será a potência militar mais poderosa do universo em 2030. Com alguma sorte ainda por cá andarei para assistir a algumas destas mudanças, com algum azar ainda por cá andarei para assistir a todas elas.
Quererá tudo isto dizer que, muito em breve, o mundo começará a estudar as línguas faladas na China para, dentro de um ou dois séculos, esquecer o inglês? Irão os Direitos Humanos tornar-se ainda mais deslocados e desprezados quando nós, os orgulhosos e petulantes ocidentais nos voltarmos de mão estendida para a imensa China?
Eu sei que o Mundo muda bué, que não há Valores Universais, que os Valores (com "V" maiúsculo) são muito parciais mas, caramba, isso não me ajuda a aceitar os valores de outros povos e de outras civilizações assim, de monco caído.
Irá o Ocidente praticar a secular arte de engolir sapos vivos?
2 comentários:
Silvarosco, de facto a cultura chinesa (a oriental em geral) é um pouco estranha para nós e a globalização disseminou ideias, conceitos e valores através de palavras, que, ao entrarem nas diversas regiões se debateram com as culturas mais regionais sendo apropriadas de modo particular, embora as retóricas dos poderes instituídos se pudessem assemelhar. Mas convém não esquecer que, apesar de tudo, a China se libertou da cobiça dos japoneses depois da 2ª guerra e muito por ação do partido comunista, que foi doutrinado, inicialmente, pela URSS. Quero dizer que existem particularidades dentro de uma linguagem global e as diferenças não são completamente estranhas. A imensa mole de camponeses pobres e isolados, ou dos outros trabalhadores também sugados até ao tutano, podem não saber bem do que falamos, mas as "elites" mais informadas sabem. E mesmo os que anteriormente referi também seriam capazes de entender se pudéssemos conversar.
Porque os regimes são invenção do homem, a pulsão e o desejo são inatos e muito mais profundos. Ao falarmos de outros povos, falamos do homem, também, para além da cultura.
De modo que isto se trata mais de uma questão civilizacional, da cultura, que da diferença entre os homens. Ou seja, raspando a superfície e talvez a 2ª camada, podemos começar a falar de coisas universais, embora os pontos de vista possam estar desfasados.
Percebo o que dizes, mas acho que as diferenças não são irredutíveis. A Antropologia e as outras ciências sociais servem para descriminar essas diferenças e o capitalismo ocidental quando teve dificuldades em fazer-se entender pôs os estudiosos em campo para se poderem perceber as divergências de relacionamento e de visão do mundo, de modo a facilitarem as conversas dirigidas para objetivos determinados. E percebeu-se, grosso modo. De modo que agora se fará o mesmo. Claro, com governantes como os nossos e elites como as nossas isto será sempre uma trincheira que os confundirá, mas os broncos autoconvencidos não sabem resolver problemas, criam-nos!
A ver vamos, mas digo-te que, sem ser capaz de fundamentar, não acredito nesse caminhar inexorável para a frente dos chineses. Acho que está sendo empolado, como foi o "domínio" japonês nos anos 90, que assustou os americanos de morte. Os chinocas estão a correr desalmadamente numa prova de fundo, não é possível mesmo com doping, às tantas paras por exaustão!
Luisão, cá pra mim estamos todos a correr ás cegas, em todas as direcções. Um dia destes vamos ter de decidir o que realmente queremos para nos sentirmos humanos. Até lá seremos chineses.
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