quinta-feira, junho 19, 2014

Curva cega

Há sensações que brotam do nosso corpo, que rebentam, que vêm, que se revelam através das mais variadas manifestações. Saem disparadas como gritos, poemas, borbulhas, erupções cutâneas, desenhos, canções, palavras doces, palavras tôlas, azedas e nem por isso. Palavras redondas ou cortantes como lâminas que reverberam na escuridão, produzindo uma lúgubre canção de embalar.

Falamos, gritamos, cantamos desalmadamente; tentamos explicar este aperto, esta secura, a tontura, a falta de ar, o súbito calor que de tão forte desorienta e provoca vertigem, logo um frio de rachar vem ocupar o seu lugar. Rilhamos os dentes e desejamos fazer mal, infligir dor. Estamos desorientados, perdidos nos nossos próprios sentimentos que já não nos pertencem, que agora são esta ansiedade, esta coisa que se mexe e nos aperta o peito do lado de dentro, este bicho que nos quer consumir à força de lambidelas.

Ok, ok, chega. Mas que raio de coisa estou para aqui a tentar escrever?

A verdade é que isto não significa nada, é escrita vazia, curva apertada e cega que não sei para onde vai nem quer ir para lado nenhum. A verdade, verdadinha, é que estou a ficar impaciente pois a minha filha regressa amanhã após seis meses em Bratislava onde esteve no âmbito do programa Erasmus. Neste estado não escrevo, não desenho, pouco penso... mas aquela cena do aperto no peito ali mais atrás, olha, se calhar até nem é totalmente vazia de sentido.

4 comentários:

João Menéres disse...

Que seja um abraço muito afectuoso para matar muitas saudades !
E que a sua filha chegue bem e FELIZ !

Um abraço com Amizade.

CybeRider disse...

Se a Terra não fosse curva já a vias!

Forte abraço!

:-)

Ana Bailune disse...

Que tudo corra bem!
Bom dia!

Silvares disse...

:-)
:-)
:-)