segunda-feira, julho 29, 2013

Ir à guerra

Estava a ler uma banda desenhada com o Super Homem a desancar uns mauzões vindos de outro planeta numa batalha sem quartel nas ruas de Metropolis. A coisa metia sopapo de meia noite, figurões a trambulhar de encontro aos prédios que abriam fendas nas paredes e automóveis a levar piparotes que os deixavam de rodas para o ar.

A luta era brava e o Super Homem, como sempre, acabou por vencer e os mauzões ficaram cobertos de nódoas negras e orgulho ferido. Tudo está bem quando acaba bem. Mas...

Dei por mim a pensar naqueles cidadãos que, apanhados no calor da refrega, ficaram com as paredes do apartamento de buraco aberto sobre a rua, os outros que seguiam dentro dos tais automóveis, amassados e bons para a sucata. Ninguém se feriu? Quem paga os estragos? O Super Homem salva a cidade, a nação, salva o planeta, mas isso tem efeitos colaterais que os argumentistas desprezam.

Eu sei que o Super Homem é bom e quando parte tudo em volta é porque não tem alternativa.

Quem escreve as histórias do Super Homem nem sempre dá grande atenção aos cidadãos anónimos. Os figurantes deviam ter direito a uma atençãozinha particular. Quando não, estão ali apenas para justificar os grandes feitos dos heróis e motivar as acções dos vilões. Quanto ao resto: que se lixem! Ou talvez nem tanto... enfim...

4 comentários:

the dear Zé disse...

se achas isso de um livrito, vai lá ver o filme, até ficas de boca aberta e coração apertado com tanto estrago colateral...

Anónimo disse...

Mas Rui, é só ficção, banda desenhada, cinema...

Silvares disse...

Ze, Eduardo, a banda desenhada e o cinema são reflexos...

luísM disse...

Reflexos de quê?