O mundo, visto daqui, é uma nuvem difusa. Sentado na minha cadeira leio o jornal, vasculho a Internet de forma mais ou menos anárquica. Encontro isto, leio sobre aquilo, as peças vão-se encaixando numa espécie de puzzle monstruoso, uma coisa viva que, quando as peças não encaixam bem, muda de forma e se adapta perante os meus olhos. Um camaleão que muda completamente a forma tangível das coisas e não apenas de cor.
O camaleão parece obedecer aos meus anseios, é comandado pelas minhas convicções. Ajusta-se de acordo com aquilo que eu quero que seja a realidade. Não é fácil mas também não é particularmente difícil. Basta-me acreditar em alguma coisa para encontrar forma de a transformar em algo credível através da recolha de informação. Escolho os pedaços de realidade que me convêm, sou um Doutor Frankenstein que constrói um corpo lógico para construir uma visão do mundo, juntando e ordenando peças capazes de dar vida útil às minhas paranóias.
O camaleão justifica as minhas indignações e confirma os meus princípios, por mais discutíveis que sejam. Não faz de mim uma pessoa feliz mas, de algum modo, contribui para algo que se aproxima de uma certa sensação de felicidade.
Ter razão é fundamental. Porquê? Por nada, só por isso mesmo: ter razão. Talvez porque sou um ser racional, encontrar forma de adaptar o mundo àquilo que acredito que ele é contribua para me sentir completo e realizado. Ou talvez nada disto seja real, nada disto interesse verdadeiramente. Mas lá que me faz sentir melhor, quanto a isso não tenho dúvidas.
Se calhar tudo isto não é mais do que vaidade. Sim, penso que moldar o mundo de acordo com as nossas convicções é uma manifestação da mais absoluta vaidade.
É como ser Deus.
3 comentários:
deus te abençoe
Deuses...Há varios por aí.
Zé, assim seja, aqui na Terra como em Vendas Novas.
:-)
Li, diria mesmo que há muitos, deuses a mais na idade dos porquês... grandes e pequenos.
:-D
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