sexta-feira, maio 10, 2013

Conversas

Hoje não me apetecem as conversas fáceis. Já me farto de ouvir falar no governo, na economia, no desemprego, no capitalismo, dos meus ouvidos escorre crise, crise, criiiiiiiseee.

Intervalo.

Peço um intervalo: tréguas para recolher os mortos e tratar as fendas aos feridos. Chega de conversas fáceis, amanhã até pode haver mais, mas hoje não. Não me apetece.

São conversas fáceis aquelas em que dizendo o contrário se diz sempre o mesmo e a mesma coisa. Aquelas em que, quando determinado figurão vai abrir a boca sobre este assunto, já sabemos que vai falar asssssssim e, caso se refira àquele outro tema, dirá, simplesmente: assado!

Hoje apetecem-me conversas tolas. Conversas que podem não fazer sentido mas que tenham sumo e substância e nem precisam de ser daquelas conversas de fazer sorrir. Podem ser das outras.

Hoje sinto-me um Hércules do argumento, um Eusébio da palavra, capaz de fintar, surpreender e arrancar em força, como uma seta, directo ao coração do adversário. A minha vitória será nossa o que fará dela a mesma coisa que a derrota.

Hoje não me apetecem conversas fáceis, vamos a ver se não ficarei silencioso todo o santo dia. Mas há sempre a noite. Enquanto houver noite há esperança!

6 comentários:

Li Ferreira Nhan disse...

(hoje me apetecia guardar a língua na caixa porém ao ler essa fala ouso uma conversa sincera; vc é mesmo um Eusébio da escrita! )

luísM disse...

Tens toda a razão, fala-se demais das mesmas coisas sem acrescentar grande coisa, em argumentos repetitivos esperando confirmação e sustento. Escrevia isto enquanto me lembrava dos novos rapinanços aos euros do reformados, caramba, como é possível, isto só pode estoirar de inanição, porque não...

rui sousa disse...

Não sei se já tinha dito ( se calhar estou-me a repetir ), mas gosto imenso das tuas pinturas. São sempre um pouco " pesadas ", é verdade, mas muito boas. São desenhos ou pinturas? A mim parecem-me as duas coisas, se calhar porque cada vez tenho mais dificuldade em definir uma e outra. Já agora haverá por aí alguém que se queira chegar à frente e avançar com definições para pintura e desenho?

Jorge Pinheiro disse...

As pinturas são boas, mas não são, definitivamente, fáceis. O post tb não. Porque as conversas fáceis são as mais difíceis. Pessoalmente estou a tentar não ler jornais e vou começar uma cura de telejornais. Como era a vida antes da crise? O que fazíamos que já não me lembro!

Aux. Irmão Brayan disse...

Precisa de Jesus e nada mais!

Silvares disse...

Li, Sinto-me lisonjeado.

Luís, prepara-te para rapinanços cada vez mais atrevidos.

Rui, esse é um tema interessante. Quando andei nas Belas-Artes fiquei confuso com as reacções dos professores aos meus (então incipientes) trabalhos neste tipo de registo. A dúvida sobre a fronteira entre o desenho e a pintura foi-me então colocada. Até hoje continuo com dúvidas...

Jorge, por vezes tento não ler os jornais e tento afastar-me um pouco da "realidade". Mas não aguento a pressão e regresso rapidamente à voragem da informação.

Irmão Brayan, Jesus é, para mim, um velho amigo. Com Ele nunca tenho conversas fáceis.
:-)