Não resta a mais pequena dúvida, o grande problema com que um ser humano se debate é o da comunicação. Encostado ao balcão da tasca, bebendo uma imperial enquanto passo os olhos pelas letras gordas do Record, ouço distraidamente uma troca de palavras entre a senhora que está do lado de lá e uma outra, cliente, como eu, que quase se deita sobre o dito balcão.
É uma conversa indolente, num nível de linguagem bastante pobre. Não percebo bem o assunto nem isso me interessa particularmente. Falam sobre questões do quotidiano, coisas vagamente dolorosas que parecem ocupar-lhes o espírito com alguma urgência. Não me parece que procurem respostas ou que, sequer, reflictam sobre nada em especial. Limitam-se a falar, preenchendo uma necessidade urgente.
A conversa terminou sem aparente conclusão. Suspendeu-se de súbito. Olhei de soslaio as duas senhoras. Pareciam aliviadas. Despediram-se: até amanhã se Deus quiser; e pronto. As coisas ficaram assim mesmo, resolvidas ou por resolver, isso não pareceu ter importância.
Há quem pague a um psicólogo, há quem escreva em blogues, há quem escreva livros com centenas de páginas, há quem se dedique à política, todos querem comunicar e ter alguém que os ouça. Pelo menos isso. Sobretudo isso.
4 comentários:
Ôtima crônica! Levei para o nosso Sociedade Anônima,e Drops !
e não é que ultimamente é o que mais tenho feito: ouvido os outros, acho que sou boa ouvinte, hihihihihihi
bjs
madoka
Comunicamos para não nos sentirmos sós.
Eduardo, vivam os blogues!
:-D
Madoka, saber ouvir é uma das melhores maneiras de falar com os outros.
Jorge, concordo.
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