quinta-feira, maio 29, 2008
Nós próprios não estamos a ver lá muito bem...
quarta-feira, maio 28, 2008
Jokers
Centros de Saúde aconselhados a ignorarem faltas por greve na avaliação
segunda-feira, maio 26, 2008
Tempo
domingo, maio 25, 2008
Classicismo
É certo e sabido, a imagem que construímos da arte chamada clássica assenta num erro de palmatória. Desde que o interesse pelos mármores romanos atingiu a intelectualidade europeia no século XVIII, no dealbar da época artística que conhecemos pelo rótulo de Neoclassicismo, começámos a construir uma ideia errada sobre os gostos dos nossos antepassados.
O contacto com essas obras deu-se muitos séculos após a sua realização e o tempo tratou-as com grande falta de respeito, adulterando-as por completo. As tintas que as cobriam desapareceram ao olho nú e frequentemente tomou-se por obra prima aquilo que mais não era que mera cópia.
É conhecido o fascínio dos romanos pela grandeza da cultura grega. Isso levou a que copiassem obras importantes da estatuária grega trabalhando-as em mármore. Quando essas cópias foram redescobertas no século XVIII foram tomadas por originais e assim admiradas, estudadas e copiadas, tornando-se paradigmas do ensino académico. A força deste erro foi tal que se impôs como gosto dominante até aos dias de hoje.
Recentes estudos, baseados em técnicas de análise bem mais rigorosas, mostram como estávamos profundamente enganados. Afinal, gregos e romanos, pintavam as suas estátuas numa tentativa consciente de aproximarem as suas obras dos modelos que representavam. A cor conferia à tridimensionalidade das estátuas o derradeiro toque realista que tanto agradava, sobretudo, ao espírito prático dos romanos.
Vestígios de tinta e outros materiais utlizados na Antiguidade permitem refazer os modelos considerados clássicos, dando-lhes um aspecto bem mais vivo do que o habitual monocromatismo a que estivemos habituados nos últimos três séculos. Afinal a sobriedade com que nos habituámos a olhar para a escultura da Antiguidade necessita de uma revisão bem mais estridente. As obras têm um aspecto próximo daquilo que hoje consideramos kitsch, ao nível de um gnomo de jardim ou de um dálmata de louça.
Enfim, isto mostra-nos como escrever História é um exercício arriscado. Corremos o risco de desenvlovermos raciocínios tendo como ponto de partida grosseiros erros de análise e, depois, torna-se complicado "refazer" a verdade quando nos apercebemos do logro. No caso das artes plásticas a coisa não é nada pacífica, havendo muito boa gente que prefere ignorar os factos para continuar a glorificar formas artísticas que nunca existiram. Ou melhor, há muito boa gente que prefere continuar a admirar obras primas realizadas pelo Tempo sobre os originais de artistas esquecidos que, afinal, tinham um mau gosto do caraças. Ou não.
sábado, maio 24, 2008
Eurorratas
A União Europeia é uma coisa que se inventa nos corredores e gabinetes de edifícios em que se sonha não haver ratazanas nem baratas (pelo menos das que andam descalças). Edifícios que têm temperatura ambiente regulada com ar forçado, nem muito quente nem muito fria e a água nas torneiras é mais equilibrada que um dos halteres utilizados no ginásio do rés-do-chão.
Os gajos que trabalham nesses edifícios são os "operários construtores" dos fundamentos da União. Consta que não se peidam e que todos usam fio dental (nos dentes). Os gajos vestem fatos e usam gravata. As gajas também, mas nem todas. Há daquilo para mulher, para homem e, viva a igualdade de direitos, para todo o tipo de pessoas, conforme (ou independentemente d)a sua orientação sexual. Cinzento, azul escuro, castanhos vários, sei lá, a paleta não é muito alegre nem variada que estes gajos e gajas não são ninguém em particular. São os chamados "eurocratas" (por mim até podiam ser "eurorratas" que é basicamente a mesmíssima merda).
Não se percebe muito bem se por falta de ar puro (ou, pelo menos, ar não-forçado) se por não terem mais que fazer ou se, muito simplesmente, por serem verdadeiramente broncos que nem calhaus, os "eurorratas" (gosto desta palavra) lembram-se com frequência de propor e impor regras absurdas.
A paranóia com a designada "segurança alimentar" é inacreditável e consegue levar à loucura as mentes mais avisadas. Habituados a comer pizza e hamburguer, lasagna de pacote e leite hiperpasteurizado, adoradores do plasticozinho empacotante e da uniformidade mais absoluta, os "eurorratas" não têm mãos a medir. As regras de higiene impostas são tão estúpidas que nem consigo encontrar adjectivo que se lhes cole com justeza. Um dia destes acaba-se o queijo da Serra da Estrela ou os presuntos de Chaves. Vão-se as alheiras de Mirandela e até os pastéis de Belém passam a ter que ser ensacados antes de irem para a vitrine. Faz algum sentido? Quem pediu a estes retardados para nos virem proteger?
Entretanto e ao que parece a McDonald's não deverá ter problemas, nem a Pizza Hut, nem as multinacionais da comida merdosa, porque as regras parecem ser feitas a pensar na forma como esses gajos enchem o pessoal de merda até à raíz cabelos com comida do pior. Mas sabe tão bem!
Por cá a ASAE vai-se tornando uma espécie de papão (um papão é um gajo que é mais papista que o Papa) e fecha manjedouras umas atrás das outras e deita fora tudo o que for papinha e que não esteja devidamente embalado, etiquetado, pintado, corado, bem cortado e atado com fiozinho de plástico nº6, conforme a norma 886C/08 emanada no próximo dia 29 do corrente com efeitos retroactivos e coimas tabeladas de acordo com o ordenado mínimo de um inspector finlandês. Estes gajos já fedem.
Um dia destes vamos ter de ir a restaurantes clandestinos para podermos comer certos produtos que, não tarda muito, vão ser coisa ilegal. Vamos arriscar multas e, quem sabe, a prisão, para podermos saborear um bom queijo ou um bom enchido, degustado na cave da esquina com pistoleiros à porta prontos a abater o primeiro fiscal da ASAE que atravesse a rua.
Resumindo e concluindo, está na hora dos "eurorratas" começarem a saír dos buracos onde se escondem para pensarem o mundo. Está na hora de perceberem que a Europa não é aquela porcaria que eles imaginam e que os europeus não precisam de "eurorratas" que lhes digam o que podem e não podem comer. Isto já é demais.
Nota: não deixa de ser irónico que este post surja a seguir ao anterior...
sexta-feira, maio 23, 2008
Portugal...
quarta-feira, maio 21, 2008
Esta fechou, Sr. Ministério
segunda-feira, maio 19, 2008
Superhipersensibilidade
É claro que os visados pelas palavras de Geldof estão no direito de se sentirem insultados. É também evidente que o músico e activista irlandês ultrapassou as habituais fronteiras de contenção verbal que são normalmente exigidas pela diplomacia do discurso público. Resta saber até que ponto há exagero nos termos utilizados por um e outro dos lados desta polémica.
Geldof será um bêbado? Talvez se enfrasque de vez em quando, decerto que o faz. Um ponto a favor dos anónimos articulistas do Jornal de Angola. José Eduardo dos Santos tem as mãos limpas de sangue mal vertido? O que dizer dos assassinatos sistemáticos de membros da UNITA? Marca Bob Geldof. 1-1.
E poderíamos ir por aí fora, num jogo de ataque e contra-ataque, num embate com resultado previsivelmente favorável ao ex-vocalista dos Boomtown Rats. O que me faz referir este episódio no 100 Cabeças é mais o que se não disse ou tenta ignorar. Nas reacções angolanas há uma imensidão de recados mais ou menos cifrados que aconselham juizinho a certos actores relevantes da economia portuguesa. Conselhos de juizinho, boca calada e até alguma acentuada curvatura na coluna vertebral sempre que se refiram ao Presidente angolano e seus comparsas não merecem troco por parte dos visados cá do burgo.
Para compreendermos um pouco melhor o grau de hipersensibilidade que afecta os poderosos angolanos e seus mais indefectíveis guardas da revolução lancemos um olhar sobre a polémica provocada por José Eduardo Agualusa que afirmou que Agostinho Neto foi um poeta medíocre. Há uma espécie de estado de intocabilidade para as figuras cimeiras da mitologia angolana contemporânea e quem se atreve a pô-las em causa, seja com bons ou maus modos, está debaixo do fogo cerrado dos defensores da pureza absoluta dos líderes angolanos. Disparam insultos, insinuações, parvoíces várias e maus-fígados.
É no entanto de notar um pormenor interessante; no meio de todo o palavreado de defesa da moral e dos bons costumes raramente se encontra um desmentido ou um argumento que contradiga com clareza as acusações ou meras observações feitas pelos supostos inimigos da bondade de Eduardo dos Santos, respectiva família, demais amigos dirigentes e restantes divindades revolucionárias angolanas. Há ameaças expressas ou veladas, sugestões de vícios horrendos que afectam os "outros" (depreende-se que os defendidos sejam puros como água da chuva) mas os factos invocados não são rebatidos nem desmentidos. Há como que uma aceitação da corrupção evidente dos poderosos e dos seus actos públicos e notórios que devem, muito simplesmente ser omitidos e ignorados por todos tal como o são pela imprensa angolana. A mensagem é clara: não se morde a mão que nos dá que comer (mesmo que tenhamos dentes bem afiados).
Em Angola parece existir um estado surrealista, governado por personagens literárias que retratam alguns dos instintos mais impróprios do ser humano. Infelizmente para muitos essa aparente ficção é dura realidade. Para outros é uma espécie de mentira que importa proteger pois apesar de dura é também doce.
Questões de perspectiva?
domingo, maio 18, 2008
Fazer o que tem de ser feito
sábado, maio 17, 2008
Rauschenberg morreu, Lucien Freud nem por isso
quinta-feira, maio 15, 2008
Desculpas
quarta-feira, maio 14, 2008
Se fosse haxixe era pior! Seria?
A dificuldade de aplicação das leis é um fado português. A nossa Assembleia legisla que desunha. Legisla sobre tudo e sobre nada. Piercings, fumo, galheteiros, nada escapa à apertada malha da legislação nacional. Mas na prática fica tudo em águas de bacalhau e ninguém cumpre e só é castigada pelo incumprimento uma mão-cheia de gajos azarados que têm o galo de serem apanhados por um agente da lei mal humorado.
O caso, na verdade, nem merece comentário. Mas sempre vos digo, amigos meus, se fosse haxixe que o engenheiro e o Pinho estivessem a enchaminar lá no alto da barriga do avião era pior. Ou talvez não fosse. Se fumassem uma ganzita de vez em quando talvez não andassem por aí a semear tantas leis tão sisudas e disparatadas. Talvez ...
segunda-feira, maio 12, 2008
Este gajo (já) não tem graça nenhuma
Caído no esquecimento, ultrapassado em popularidade por todos os humoristas que fazem humor, Herman é hoje um tipo ressabiado e com maus fígados, com sorriso forçado e riso de plástico. Um dia destes vai regressar como apresentador de um concurso televisivo, mas isso não disfarça a sua falta de capacidade para compreender que a fazer o que faz agora não presta. Herman não perde uma oportunidade para mostrar a sua imbecilidade infinita. Esta noite, na gala dos Globos de Ouro na SIC, foi chamado ao palco para entregar o prémio ao melhor intérprete musical masculino. Decerto porque o concurso que vai apresentar tem qualquer coisa a ver com música mas ele vai transformá-lo numa imensa celebração da sua miséria intelectual, como de costume. E foi isso que Herman fez de novo, esta noite. Jorge Palma receberia o Globo de Ouro mas teve o azar de ser o palhacito a passar-lho para as mãos.
O que se passou no palco foi miserável. Herman José não sabe deixar-se ficar no seu lugar e está em permanente over-acting. Jorge Palma bem tentou disfarçar a porcaria que o suposto humorista provocou. Mas era impossível. Herman quis pegar-lhe ás cavalitas mas fê-lo cair sobre os cotovelos. Palma tentou manter a compostura fazendo os agradecimentos deitado no palco mas Herman estava imparável na sua boçalidade e, incapaz de conter a sua ânsia de ter alguma graça, por muito pouca que fosse, agarrou o cantor pelas pernas e tentou puxá-lo para fora de cena. Não parou um segundo de fazer coisas parvas... inconcebivel, um espectáculo deprimente, como se fosse uma criança habituada a ser o centro das atenções mas que cresceu e se tornou um adolescente com borbulhas a pingar pus, Herman foi o mais imbecil dos imbecis que já vi fingirem ter graça.
Pacman, dos The Weasel, veio ao palco alguns minutos depois para receber um Globo e sentiu necessidade de afirmar a grandeza de Jorge Palma no panorama musical em contraponto à pequenez do ex-humorista. Só lamento que Jorge Palma se tenha visto envolvido nesta exibição lamacenta de falta de charme e ausência de qualidade. Quando vejo Herman a ser ele próprio, compreendo que o que me fazia rir não era ele. Era outra coisa que ele já não tem: gajos que lhe escrevam textos capazes de lhe disfarçar a falta de graça.
domingo, maio 11, 2008
A verdade da mentira*
Extra Terrestre
Hoje (já passa da meia-noite e por isso parece que hoje já é amanhã) fui ver o concerto de Diamanda Galás na Aula Magna, em Lisboa. Absolutamente, simplesmente, completamente. Uma coisa digna de ser vista (a sala estava aí por menos de metade). A mulher é indescritível, uma diva extra terrestre. Sozinha sobre o palco com um piano de cauda que toca magistralmente, Diamanda Galás arrasou com a cumplicidade discreta de um técnico de som capaz de levar a voz dela até ao Paraíso, para incómodo de Deus. Lindo de tão estranho. Seguramente um dos melhores (e mais perfeitos) acontecimentos que já vi sobre um palco. Estou rendido.
quinta-feira, maio 08, 2008
segunda-feira, maio 05, 2008
A grande ilusão
A Democracia precisa de cidadãos intervenientes e interessados na gestão da coisa pública. Se a Democracia proporcionar aos cidadãos instrumentos adequados a essa participação talvez eles avancem. Talvez, não é certo. Porque se a Democracia não puxa por estes cidadãos que nós somos, também nós não puxamos lá grande coisa por ela. Somos mais de ficar sentados no sofá, boca aberta, telejornal, Benfica, novela, do que de sair para assistirmos à Assembleia Municipal. Chiça, vade retro!!!
A Democracia é coisa para os políticos. A esses pagam-lhes para fazerem funcionar a coisa. A nós não nos dão nada. Olhemos para Santana Lopes. Esse sim, é um animal político, que conhece os atalhos todos à selva e não tem medo de por lá se perder. Agora nós, simples cidadãos anónimos, se metemos um pezinho numa Distrital em tempo de campanha, zás, somos logo papados até à cabeça! Mais vale ficar pelo sofá, Benfica, novela, telejornal… coisas que se compreendem e são para nós. A política não, que ninguém nos paga para isso.
Agora começamos a olhar para a nossa querida alternância democrática com a sensação de que ela pode vir a ficar coxa do PSD. Os socialistas de Sócrates esfregam as mãos de contentes. É a Democracia a falhar? Não me parece. É mais a Democracia a definhar. É como quando abriram os canais privados de TV. Prometiam variedade e competição na diversidade da oferta. Novos horizontes se abriam para a nossa eternamente jovem Democracia. E o que aconteceu? RTP, SIC, TVI: telejornais, futebol e novelas. Afinal a promessa não foi cumprida. Por razões óbvias todos os canais oferecem os mesmíssimos produtos. Tal como os diferentes partidos do chamado “arco do poder” oferecem os mesmíssimos tipos de candidatos para os lugares de governação.
Querem lá ver que andamos a ser enganados! Ou preferimos assim? O melhor é ir sentar-me ali no sofá e pegar no comando da televisão. Vou ligar-me ao mundo, olhar para a grande ilusão. Telejornal, futebol e novela. Democracia, enfim.
sábado, maio 03, 2008
Algo banal
Há um actor em cena, claro que estou a falar de Al Pacino, e pouco mais. A trama pretende ser inteligente e não passa de ser entediante. A realização cumpre serviços mínimos, como se tivesse estado em greve durante a rodagem e as personagens não chegam a ganhar consistência. Enfim, tempo perdido (um pouco mais do que os 88 minutos do título). Como disse salva-se apenas o cabeça de cartaz que parece caído num planeta errado para seres da sua espécie.
A não ver. Ou talvez seja de ir ver, não sei. Que se lixe, é um filme bem merdoso.
sexta-feira, maio 02, 2008
Rebentamento
Nas empresas a questão é semelhante. Se um ano a empresa não cresce mais que no anterior, socorro, tá-se mal! É preciso despedir trabalhadores, deslocalizar a coisa para um território onde a miséria ainda seja um modo de vida aceitável. E lá vai. Lá vai a empresa embora levando consigo os postos de trabalho e pedaços significativos da vida de muita gente que fica a salivar defronte às montras do Centro Comercial.
E a economia sempre a crescer. Um bocadinho aqui, um bocadinho muito mais ali, cresce, cresce, cresce. O mundo não estica. Os recursos naturais também não. Esses, parece-me que diminuem à medida que a economia cresce. Mas cresce até onde? Qual é o limite?
Será o rebentamento?
Para ilustrar o post anterior
Meredith bem mais jovem do que aquela que eu vi (e ouvi) há uns dias em Lisboa. Igualmente estonteante.Igualmente brilhante.
Cave igualzinho ao que vi (e ouvi) há uns dias em Lisboa. Menos amorfo mas nem por isso empolgante. Ou será apenas impressão minha?