Outros momentos houve em que estabeleci contacto. Por uma vez senti claramente a pedra-de-toque conceptual em que o objecto e o espectador completam a obra do artista, mero mestre de cerimónias, encarregue de nos apresentar um ao outro. Valeu a pena. Gostei.
quinta-feira, janeiro 31, 2008
Rauschenberg em Serralves
Outros momentos houve em que estabeleci contacto. Por uma vez senti claramente a pedra-de-toque conceptual em que o objecto e o espectador completam a obra do artista, mero mestre de cerimónias, encarregue de nos apresentar um ao outro. Valeu a pena. Gostei.
terça-feira, janeiro 29, 2008
"Addio, Adieu, Auf Wiedersehen, Goodbye."
segunda-feira, janeiro 28, 2008
... outro filme
Tal como proponho no post anterior, não ver um filme por ser com este ou aquele actor de quem não gostámos em algum momento pode levar-nos a perder algo interessante, também o inverso acontece com frequência. Eu explico: ir ao cinema ver um filme só porque é realizado por um artista de quem temos boas referências pode deixar-nos um amargo de boca tão grande como escolher esse filme porque lemos uma excelente crítica sobre ele e, no final, não conseguimos compreender porque raio foi tão bem criticado. Ou seja, ver cinema é um acto arriscado a menos que estejamos na disposição de ler tudo e mais alguma coisa em jornais e revistas da especialidade, por forma a limitarmos as hipóteses de apanharmos uma valente seca lá na fila G, lugar 18, ou outra coisa do género. Também não sabia nada sobre este filme. Nadinha, absolutamente. Guardava apenas uma vaga memória de ter visto poucas estrelas num daqueles quadros com classificações dos críticos do Público. Mas talvez fosse em relação a outro filme... talvez! Agora parece-me que a escassez de estrelas bem se poderia aplicar a o "Sonho de Cassandra".
Trata-se de um filme crú e estranhamente incomodativo com um elenco de luxo, mesmo nos papéis mais insignificantes. Talvez o Ewan McGregor seja o menos brilhante de todos por não conseguir ultrapassar o estereótipo de si próprio que tão bem funcionou em "Trainspotting". Talvez seja a direcção de actores que cria algumas cenas tão estranhamente realistas, a mãozinha marota de Allen a fazer das suas. Talvez tenha sido isso que, no final, me deixou tão assarapantado, sem saber bem o que pensar (ou sem pensar, apenas?). O filme é uma espécie de soco nas costelas. Não é que doa muito, apenas nos deixa a coçar o lombo sem percebermos bem porque razão é que fomos socados.
Resumindo, caríssimo leitor ocasional, se estiveres com disposição e já tiveres ouvido falar de um tal de Woody Allen, não hesites muito. Faz o que muito bem te der na real gana!
Um filme...
Consegui manter-me o mais desinformado possível acerca deste "Eu sou a lenda". Houve quem não resistisse a referir-me uma certa e determinada cena dramática à brava, o suficiente para que, quando a cena passou perante os meus olhos, eu tenha ficado mais indiferente do que o realizador poderia esperar. Se não me tivessem falado naquilo (e não me descreveram a cena, apenas a destacaram no que diz respeito ao seu potencial dramático) eu teria experimentado uma emoção bem mais plena. Digo eu.
Já vi o filme no fim-de-semana passado e só hoje me refiro a ele aqui no 100 Cabeças porque voltei esta tarde ao escurinho do cinema para ver outro filme, de que falarei mais adiante, noutro post. Mas o que quero eu dizer acerca deste "Eu sou a lenda"? Que me pareceu um filme bem imaginado e bastante honesto nos seus propósitos. Apesar de um ou outro momento em que a coisa parecia ir perder o pé, lá se consegue assistir com interesse até ao final que acaba em tonalidades mais... ai, ai, ia dando uma pista sobre a forma como termina a narrativa e, longe de mim tal ideia, não quero fazê-lo de forma nenhuma.
Ah, só para terminar, Will Smith safa-se mesmo bem na função que desempenha nesta película. Quem se lembra dele da série "O Princípe de Bel-air" pode desenvolver anticorpos e preconceitos relativamente ao actor. A série tem para aí uns 18 anos e ainda há quem desconsidere o rapazola pelas cenas parvas que aí protagonizava. Se bem me lembro ainda me fez rir algumas vezes. Pronto, pronto, pelo fez-me sorrir muitas vezes. Disso tenho eu a certeza. Desta vez nem por isso.
domingo, janeiro 27, 2008
Notas
sexta-feira, janeiro 25, 2008
Ai, caraças!!! (um sonho)
A grande arte não é arquitectura, nem pintura, escultura, bailado, música ou literatura. A grande arte é outra coisa mais difícil de resumir numa palavra só. É muito mais abrangente e complexa de tão particular e universal em simultâneo. A grande arte é a vida. A vida de cada um e o conjunto que resulta do viver com os outros. A grande obra é a construção infinita da vida social, o divino trabalho de construir o mundo. Um mundo onde o belo seja irmão do justo, ética e estética unidas na imagem final de uma sociedade livre e libertadora!
Ai, caraças!!! Virei-me para o outro lado e fui apoiar um olho nos óculos esquecidos sobre a travesseira. Já nem me lembro que porra estava a sonhar. Nem isso interessa. Pela cara da minha filha devia estar a ressonar como uma locomotiva a carvão. O costume.
quinta-feira, janeiro 24, 2008
A "A"rte não presta para nada (nem sequer para coisa alguma)
segunda-feira, janeiro 21, 2008
A revolução da Imagem
Aliada ao poder encantatório do espaço arquitectónico das basílicas e das catedrais, a Palavra tonitruante dos pregadores dos primórdios da igreja, tornou visível os fundamentos da Fé, deu uma forma tangível ao Paraíso, inventou o Inferno e retratou com igual pormenor Deus e o Diabo.
É difícil para nós imaginar o poder avassalador que uma igreja teria sobre as populações escravizadas da Europa Medieval. À miséria das cabanas contrapunha o fausto do edifício em pedra. À ausência de imagens no quotidiano oferecia todo um mundo visual complexo e magnífico, narrando com clareza e eficácia os episódios mais oportunos para a evangelização das hordas de analfabetos que a ela acorriam na esperança de vislumbrarem uma luz que lhes justificasse a existência.
A igreja católica é, assim, um caso de sucesso de campanha mediática. Enquanto foi a única instituição com capacidade para encomendar e promover a criação artística, esta igreja dominou por completo o mundo Ocidental.
Com o século XX assistimos ao declínio definitivo desse monopólio. Ao triunfo da sociedade da informação corresponde a perda de influência da igreja católica sobre as orientações de vida e principais aspirações das populações europeias. O centro comercial substitui a catedral nos Domingos das famílias. A missa já não encanta os jovens que preferem um palco com estrelas Pop a um altar com a imagem de Cristo, que entoam em coro cânticos profanos com muita mais naturalidade que cânticos litúrgicos. A divindade toma a forma mais prosaica do dinheiro e das coisas que ele permite obter.
Não será fácil para a igreja romana retomar um papel determinante no mundo das imagens. Digamos que lhe está reservado um “nicho de mercado” neste campo, nada mais. É que, tal como os actuais Taliban, também a igreja, nos seus primórdios, revelou “uma tendência satânica para o irreparável” ao promover a destruição e mutilação de tantas obras de arte “pagãs” e mesmo de inspiração evangélica.
E, como diz o povo, “O que torto nasce, tarde ou nunca se endireita”.
sábado, janeiro 19, 2008
Fumar confunde!
Não é apenas esta lei a permitir interpretações sectárias. Cada cabeça sua sentença; uma leitura feita em determinada perspectiva acaba por encontrar, com toda a nitidez, autorização para o que se deseja e proibição daquilo que se não gosta. Entretanto anda tudo maluco e confuso. Que se pode fumar se, que não se pode nunca mesmo que ou então que há tantas excepções quantas as necessidades excepcionais. Uma choldra!
Todos os dias o Sr. Francisco George aparece em conferência de imprensa a esclarecer, corrigir e ajeitar um pouco mais a leitura da famigerada lei. Mas ninguém se entende, a começar por ele. O texto de uma lei pode ser assim tão confuso e propenso às mais díspares interpretações? Pode. Então como será possível aplicar a lei? É virtualmente impossível e assim ficamos à mercê dos agentes da "autoridade" que uns dias multam, outros nem por isso ou pode ser que nos façam o jeito. É assim, fazendo leis absurdas, que se destrói um Estado de Direito e a confiança nas instituições (que deverá ser a base de uma sociedade democrática) pura e simplesmente não existe.
Não me lembro de ler ou ouvir qualquer notícia sobre uma condenação em tribunais portugueses que não acabe com a informação que o advogado do condenado vai recorrer ou já recorreu da sentença. Ou os juízes são uma cambada de incompetentes mal intencionados ou o nosso povão é uma verdadeira legião de anjinhos incompreendidos.
Entretanto e por enquanto o melhor mesmo é fumar no meio da rua. Isso ainda não é proibido... acho eu!
quinta-feira, janeiro 17, 2008
Se fosse um poema era mais ou menos assim, como não é, é assado
Se falar a gente ouve!
segunda-feira, janeiro 14, 2008
Filosofia de trazer por casa
domingo, janeiro 13, 2008
Foge!
sábado, janeiro 12, 2008
Esta espécie de coisa nenhuma
quinta-feira, janeiro 10, 2008
Jamais!!! (ler "jamé")
O célebre discurso do deserto, "derivado" da falta de hospitais, escolas e até falta de cidades deste lado do rio tem uma explicação que desculpará o ministro: ele estava nítidamente bêbado quando o fez. Melhor, quando o dito discurso lhe foi caindo da boca. Como baba, como vómito pingão. O mais extraordinário é que este ser vivo ainda mantém o cargo que tão incompetentemente ocupa.
Estamos de rastos!
quarta-feira, janeiro 09, 2008
"Ética da responsabilidade"
terça-feira, janeiro 08, 2008
O puto e a fatia de bolo
segunda-feira, janeiro 07, 2008
Super-Rato
Enfim, há sempre uma excepção que confirma a regra. Ratatui prova que a genialidade do costume também pode tremer um pouco.
Resumindo e concluindo: se ainda não viste de que estás tu à espera!?
Em http://www.pixar.com/ podes conhecer ou, mais provavelmente, recordar os 8 filmes da Pixar. Fundamentais para a história do cinema de animação. Verdadeiros clássicos.
Méééééé
Lá vai outro
AMANHÃ MESMO MORRERÁS!
Acordo aos estremeções, aflito, com uma consciência muito nítida do encontro, e começo por fazer figas debaixo da roupa ao Intruso, mas depois, cheio duma superstição infantil (que me ficou da criança que fui, entenda-se), faço o sinal-da-cruz. E para não tirar as mãos debaixo do quente das mantas, engrolo gestos e palavras mesmo sobre o peito, à matroca, como um aprendiz de catequese faria. Sossego mais. Começo a pensar como morrerei. Desastre? colapso? ou loucura súbita e logo suicida? Adormeço nisto.
Afinal de contas Luiz Pacheco morreu sossegado, de morte macaca, na paz de um quase esquecimento apenas agitado por um ou outro aprendiz de feiticeiro interessado em aproximar-se do xaman maior de coisa nenhuma. Fica bem, ó Luiz, que um gajo por cá vai continuar a fumar umas cigarradas e a emborcar uns copos valentes quando der para isso. Pode até acontecer que, de vez em quando, um gajo se lembre de ti e diga uma ou outra fila-da-putice bem apanhada. Como tem de ser.
sexta-feira, janeiro 04, 2008
Fumar mata!
quinta-feira, janeiro 03, 2008
Canção de escárnio
A Fondació Miró acaba por ser um bom exemplo de exploração eficaz de um mito. Miró é um artista estudado, citado, observado, comido, bebido e, consequentemente, mijado e cagado com uma frequência bastante respeitável.
O visitante entra. Circula. Contacta. Sorri aqui e ali. Sobe escadas. Desce escadas. Vai até ao terraço. Miró grande, Miró pequeno, Miró tridimensional (o melhorzinho na minha opinião), Miró em pé, Miró deitado. Após meia dúzia de minutos Miró chateia. E após a visita total Miró é chato.
Os visitantes fazem uma fila jeitosa, alinhadinhos desde a paragem de autocarro até à porta. Uma bicha pouco sinuosa, com uma curvazita apenas a fim de virar a fronha à entrada principal do edifício. A entrada custava o habitual, 7 ou 8 €uros, por aí assim. Bastante papel ao fim do dia! O material exposto é Miró e pronto, tá tudo dito. Eu sei que não devia ser tão maledicente em relação ao trabalho deste mestre catalão mas, a verdade, é que gosto bastante daquilo que está na base do seu imaginário mas não posso aplaudir aquilo que vi em exposição, naquele dia.
Está bem, pois. Mas que raio de coisa faz este vídeo a ilustrar este post!?
Ah, é verdade, não parece ter nada a ver pois não? Mas tem. Quem já o viu reparou decerto que se trata de uma exposição temporária patente na Fondació Miró até ao dia 13 de Janeiro do presente ano. Uma lufadita de ar fresco no ar pesadão da exposição actual. Ai Miró, amiguinho, nunca pensei dizer tanta bujarda a teu respeito mas teve que ser. Desculpa lá o mau jeito. Abraço.
quarta-feira, janeiro 02, 2008
Outro mundo
O chamado Estilo Românico é um dos períodos da História da Arte europeia pior compreendidos e ainda pior amado pelo amador ocasional. As formas humanas surgem desproporcionadas e mal amanhadas. As imagens sagradas parecem bonecos pueris e sem jeito e, no entanto, é uma das linguagens gráficas mais extraodinárias de que guardamos memória.
O MNAC tem uma espectacular colecção destas imagens grandiosas. São várias salas com reproduções de interiores de templos românicos (fotos acima) onde surgem as pinturas murais, em tentativas sucessivas de recriar o ambiente original. É claro que falta solenidade e grandeza. O interior de um templo, por muito pouco crentes que sejamos, possui uma energia impossível de reproduzir artificialmente. As salas do MNAC dedicadas ao Românico são, no entanto, exemplos de largueza de vistas e grande honestidade dos responsáveis pela sua concepção. Não me parece que existam muitos museus no mundo que dediquem tal atenção a este período maldito dos criadores de imagens medievais. Muito menos haverá locais em que as pinturas e esculturas românicas surjam assim enquadradas, capazes de nos permitir um vislumbre fugaz sobre os espaços mágicos que os seus criadores forjaram num mundo habitado por Deus mas, principalmente, habitado pelo Diabo!
O MNAC fica próximo da Fundació Miró (assunto do próximo post) em Montjuic, uma colina arborizada absolutamente deslumbrante. Ai Barcelona!
A propósito ou nem por isso, fica a sugestão de um "passeio" por este site http://www.wga.hu/index.html . Recomendo particularmente as "Guided Tours". Não é que tenha a ver directamente com o conteúdo deste post (que eu tenha reparado tem apenas duas imagens da secção do MNAC acima referida), mas é um site com imensas possibilidades e algumas imagens de escultura e pintura Românica. Além de ser um excelente site!