sábado, dezembro 18, 2021

Sonho de Natal

     Há de novo um certo tom catastrofista na forma como são lidas as notícias nos telejornais.Os pivots lêem os números de novos infectados, internados, acamados, entubados e falecidos e eu ouço: "Ai, Jesus!" ou "Valha-nos Deus!" ou "Vamos todos morrer!" ou "É o bicho, é o bicho, vai-te devorar...", depende do canal e do tom de voz que vai debitando a desgraça como quem serve chocolatinho quente. 

    Parece-me que a ideia é voltar a enfiar o pessoalzinho todo dentro de casa sem ter de decretar confinamento obrigatório. Com o friozinho que se vai instalando até nem é tão má ideia quanto isso mas, sabemos bem, ninguém gosta de ser pressionado, muito menos obrigado a agir desta forma ou daquela. Gostamos de nos sentir livres, Senhores do Destino. Afinal de contas fomos criados à imagem e semelhança de Deus, Nosso Senhor. É legítimo.

        Suspeita-se que a nova variante do bicho, a Omícron, seja mais infecciosa mas menos violenta na forma como nos escangalha por dentro. Ainda faltam dados científicos que sustentem esta perspectiva. Seria interessante que o bicho estivesse a adaptar-se à coexistência com a nossa espécie, oferecendo-nos esta meia trégua mal amanhada do tipo: não vos faço sofrer tanto e vocês deixam-me em paz. Era tão bom se nos pudéssemos sentar a uma mesa com os representantes do vírus e ter uma conversa construtiva sobre o assunto!

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