domingo, setembro 06, 2020

Um anseio

Comunicar com exactidão aquilo que nos corre na cabeça é um objectivo impossível de alcançar. A nossa visão, a nossa sensação, a nossa pele, tudo se constitui em ruído que confunde a mensagem, tudo dificulta a percepção, tal como a visão, a percepção e a pele do receptor. A comunicação é uma coisa "suja", podemos apenas aspirar à transmissão de algo vagamente semelhante ao que pensamos.

O mal-entendido  é a base da comunicação humana. Para que haja alguma qualidade na transmissão de informação é necessário que exista vontade de perceber, uma espécie de amor pela comunicação, interesse genuíno, interesse humano. Isso não está ao alcance de qualquer um, exige inteligência emocional. Precisamos de apostar nisso, na aprendizagem das emoções tanto como apostamos na aprendizagem das ciências "exactas", tento quanto apostamos na aprendizagem das línguas; a emoção humana é uma linguagem complexa.

Precisamos de apostar na redução da intensidade do mal-entendido que está inerente a qualquer tipo de comunicação estabelecida entre seres humanos. O primeiro passo é fazer com que os responsáveis pelo estabelecimento dos planos de ensino/aprendizagem acreditem nisto e encontrem espaço no meio de toda a tralha curricular para a inteligência emocional. Não vai ser fácil.


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