sexta-feira, agosto 14, 2020

Sonhar não sonhar

O meu sonho seria não os ter, não ter sonhos, quero dizer. Poder não ambicionar nada de especial, apenas não provocar desastres. Sim, penso que se um génio saído de um garrafão me dissesse para eu expressar um desejo a ser magicamente atendido, só um, nem mais nem menos, eu diria: "desejo não causar desastres" e pronto, acho que teria criado as condições necessárias à minha felicidade e, decerto, teria poupado algumas outras pessoas a certas dores existenciais.

Isto aconteceria se, além de o garrafão ter um génio esquecido lá dentro, eu não tivesse sonhos. O problema é que não os consigo evitar, aos sonhos, quero dizer. Sim, porque evitar génios que habitam garrafões já eu sou capaz de evitar há muito tempo. Perderam muita magia embora não os tenha renegado para todo o sempre. Além disso é cada vez mais difícil encontrar garrafões, vem tudo em "boxes". Evitar sonhos implicaria viver em permanente estado de alerta e eu durmo como um anjinho, ou como uma pedra, depende da expressão escolhida para explicar que mal encosto a cabeça à almofada desligo imediatamente e durante umas horas. Quem dorme assim sonha de certezinha.

Está bem, eu confesso: perdi o foco do meu raciocínio, isto já dificilmente poderá fazer algum sentido. Ou, o caminho que estava a seguir levou-me para lugares que prefiro manter secretos e não dá para desenvolver mais esta historieta da treta. Ou ainda, um texto que começa com a frase que abre este texto não poderia nunca acabar de outra forma.

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