quinta-feira, maio 28, 2020

Cromo

Pode parecer snobismo meu. Decerto que é. No fundo sou um snob de merda. Não suporto a indiferença alheia e armo-me em campeão. Imagino-me vencedor eterno do campeonato da inteligência. Não tenho rival à altura. Venço sempre.

Leio o que outros escrevem: (bocejo) é que é só banalidade! Que frouxidão argumentativa, que tédio lexical, que incongruência absoluta naquela vírgula, naquele ponto que não poderia ser final. De forma alguma. Escrevo muito melhor.

Vejo o que outros desenham. San-to-de-us! Gatafunhos, tremideiras, hesitações, cromatismo primário (não no conjunto das cores aplicadas mas na forma como são conjugadas). Enfim, cambada de amadores ineptos. Imbecis que se imaginam algo que nunca virão a ser. Nem sonham.

Poderia continuar. A lista das maravilhas de que sou capaz é imensa (não sou tão vaidoso que a considere infinita) e não há quem se me compare. Mas fico-me por aqui. Já dei um cheirinho do perfume requintado que é o meu ser, o resto imaginá-lo-ias se fosses capaz de compreender a sombra com que cubro a tua existência miserável.

Um dia erguer-me-ão uma estátua.

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