sábado, junho 16, 2018

Notas para uma reflexão


Os professores perderam autoridade na sala de aula e os encarregados de educação perderam-na na sala de jantar. Há um desprezo generalizado pela experiência de vida, cada vez mais substituída pelo Google, esse oráculo infalível capaz de todas as respostas em fracções de segundo. Os velhos são descartáveis, são chatos e não encontram um lugar confortável na hierarquia social do mundo contemporâneo.

Por outro lado, a voracidade consumista alcandorou os putos à categoria de consumidores. Desde que são capazes de influenciar os hábitos de consumo passaram a ser levados a sério. Na maior parte das situações passaram a ser levados demasiado a sério. As sociedades actuais tendem a valorizar os designados direitos do consumidor em detrimento dos direitos de cidadania. São coisas diferentes e nem sempre compatíveis. Não é nada extraordinário ver putos a berrar porque sim, a falarem por cima dos pais, a reclamarem tudo e nada só porque lhes apetece. E porque podem. Educamos as criancinhas num vazio de valores que tudo relativiza. E os encarregados de educação, muitas vezes porque perderam o pé, encontram nos professores os bodes expiatórios perfeitos para diluírem as suas próprias insuficiências.

Vivemos na sociedade da casa dos segredos e dos brunos de carvalho; uma sociedade boçal, carente de valores que possam irmanar-nos. Perdemos a religião enquanto factor unificador e não fomos capazes de a substituir por nada. A Ética não faz sentido sem uma divindade capaz de castigar os maus e premiar os bons. Ficou o consumismo. O resultado é o que está à vista. Mais adiante nem daremos conta que já não somos livres. Nem nada que se pareça.

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