Os
professores perderam autoridade na sala de aula e os encarregados de educação
perderam-na na sala de jantar. Há um desprezo generalizado pela experiência de
vida, cada vez mais substituída pelo Google, esse oráculo infalível capaz de
todas as respostas em fracções de segundo. Os velhos são descartáveis, são
chatos e não encontram um lugar confortável na hierarquia social do mundo
contemporâneo.
Por outro
lado, a voracidade consumista alcandorou os putos à categoria de consumidores.
Desde que são capazes de influenciar os hábitos de consumo passaram a ser
levados a sério. Na maior parte das situações passaram a ser levados demasiado
a sério. As sociedades actuais tendem a valorizar os designados direitos do
consumidor em detrimento dos direitos de cidadania. São coisas diferentes e nem
sempre compatíveis. Não é nada extraordinário ver putos a berrar porque sim, a
falarem por cima dos pais, a reclamarem tudo e nada só porque lhes apetece. E
porque podem. Educamos as criancinhas num vazio de valores que tudo relativiza.
E os encarregados de educação, muitas vezes porque perderam o pé, encontram nos
professores os bodes expiatórios perfeitos para diluírem as suas próprias
insuficiências.
Vivemos na
sociedade da casa dos segredos e dos brunos de carvalho; uma sociedade boçal,
carente de valores que possam irmanar-nos. Perdemos a religião enquanto factor
unificador e não fomos capazes de a substituir por nada. A Ética não faz
sentido sem uma divindade capaz de castigar os maus e premiar os bons. Ficou o
consumismo. O resultado é o que está à vista. Mais adiante nem daremos conta
que já não somos livres. Nem nada que se pareça.
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