terça-feira, abril 10, 2018

Apoios


A Cultura é reconhecidamente um campo de acção do Estado. Há por aí muita voz que tenta chegar ao céu clamando contra os “subsídio-dependentes” na cultura. Nunca terão ouvido Mozart ou observado a obra de Leonardo de Vinci, célebres “subsídio-dependentes” de outras épocas, para dar apenas dois de entre milhares de exemplos de grandes criadores que dependeram da boa vontade de mecenas ou de instituições estatais. 

O mito Romântico do Artista é aquele que preenche o nosso imaginário: o artista torturado pela sua genialidade que vive isolado e incompreendido, veste de negro, padece de subnutrição e acaba falecendo tuberculoso não encaixa neste sistema que prevê a intervenção do Estado antes que um gajo vá parar ao sanatório em nome das suas musas.

Enquanto a poeira vai assentando fica a certeza de que o Ministério da Cultura precisa de pensar uma forma eficaz para a distribuição dos subsídios à criação artística. Se recordarmos a vertigem dos dias recentes percebemos que o problema será mais a ausência de uma política cultural do que falta de investimento (se bem que o investimento é muito poucochinho). Teremos, então, dois problemas, um de forma (um modelo de concurso que se compreenda) e outro de conteúdo (uma política cultural que faça sentido) para que a repartição dos parcos recursos económicos possa ser feita sem provocar terramotos nem indignação generalizada.

É tempo de debater com seriedade a questão dos apoios à Cultura. Esse debate deverá ser feito entre o Ministério e os agentes culturais procurando respostas objectivas para os problemas mais prementes. 

Na minha opinião os partidos políticos deverão manter-se ao largo nesta fase do campeonato.

2 comentários:

João Menéres disse...

Os mecenas a que se referiu eram gente de outra estirpe cultural.
A cada dia que passa mais difícil se torna definir o que é merecedor de um apoio oficial.
Muito depende de imensos críticos, de muitos curadores, etc...
O ideal era nascer-se rico e ser ARTISTA.

Grande abraço.

Silvares disse...

Tem toda a razão. Mas não nascendo rico e tendo o sonho de ser artista... abraço.