segunda-feira, abril 23, 2018

Cantoria

Há dias assim. Hoje, ao fazer o caminho de casa para o local de trabalho, reparei no canto dos pássaros. Ao longo destas ruas há bastantes árvores que, como toda a gente sabe, são como prédios de apartamentos para a passarada.

O dia estava um pouco acinzentado mas os pássaros cantavam. Distingui diferentes linguagens; um pombo, um melro, um pardal? Como era bastante cedo ainda os carros não tinham feito a habitual invasão do espaço urbano, o chilreado bailava límpido, quase estranho.

Duas horas depois, o sol ganhou força em luz e em calor. Os carros já estão por todo o lado, os ruídos da cidade instalaram-se, abafando tudo numa amálgama pastosa que nos tapa os ouvidos como se fosse algodão. Os pássaros devem andar por aí, nos seus afazeres costumeiros, mas não os ouço a menos que apure o ouvido a ponto de tentar isolar algum chilreio.

Perante o poder do sol compreendo agora a cantoria matinal.

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