As fronteiras recomeçam a ganhar forma no interior da Europa. Cada dia que passa amanhece com certas fronteiras até aqui adormecidas que voltam a acordar para a vida de forma inquietante.
Nos limites físicos da União erguem-se muros e regressa o arame farpado. Dentro da própria União surgem nacionalismos revigorados que começam a marcar certas fronteiras, primeiro ideológicas que, mais tarde, tenderão a tomar formas mais palpáveis e agressivas.
Parece-me que vão ganhando nitidez certas diferenças entre os países do centro da Europa, principalmente os que faziam parte da Europa de Leste antes da queda do Muro de Berlim, e os países que estavam deste lado dessa terrível fronteira.
Olhando para a Polónia, a Eslováquia, a República Checa e a Hungria, para citar os casos que me parecem mais evidentes, assistimos a um nítido crescimento da influência política de forças da extrema direita, forças revolucionárias nestas áreas geográficas. Para um cidadão português ou espanhol, isto parece terrível. Ainda mais quando em França ou na Áustria também forças com este pendor extremista ameaçam ganhar o poder.
A União terá de reflectir sobre qual é o caminho comum que pretende propor aos cidadãos dos, agora, 27 países membros. Há algum plano, algum objectivo, alguma ideiazinha, por pequena que seja, que vá para lá das questões económicas, alguma proposta civilizacional que estejamos dispostos a transformar em bandeira comum?
Enquanto andamos para aqui, feitos baratas tontas, a patinhar de um lado para o outro no meio do lixo ético e ideológico, as fronteiras vão ganhando nitidez, vão-se levantando, regressam em todo o seu tenebroso esplendor.