terça-feira, fevereiro 24, 2015

A pirâmide




Reflectindo só um pouco, quase nada, reflectindo levemente, muito levemente sobre a condição humana e a organização social fico surpreendido por encontrar uma constante luta entre poderosos e oprimidos (para simplificar).

Nos tempos pré-históricos não sabemos muito bem o que se passava (o termo "pré-história" explica a ausência de dados mais ou menos fiáveis) mas basta avançar um nadinha e começamos a encontrar os ricos, os muito ricos, os riquíssimos, os riquérrimos e os deuses na Terra. Meia-dúzia de personagens a dominar multidões de milhões de escravos, trabalhadores manuais, gente miserável ofuscada pelo brilho de existências gloriosas ou intelectuais prontos a fazer o inventário dos bens do senhor ou a escrever poemas épicos sobre a sua grandeza incomparável.

O tempo vai rodando e as personagens mudam de aspecto, o cenário transforma-se ao sabor do que é moderno em cada época, mas as relações entre os poderosos e os seus servos parecem permanecer teimosamente inalteradas.

Por momentos sonho, tenho ilusões, sinto o peito inchar de esperança, uma vertigem faz-me acreditar na mudança. Quero acreditar e a mudança parece acontecer. Mas logo após, pouco tempo corrido, aí está a realidade para iludir a verdade.

O cenário cai, volto a ver a estrutura da coisa, o esqueleto do mundo e lá está: o faraó, o imperador, o rei absoluto, o senhor do mundo no topo da pirâmide e a multidão, cá em baixo, agita-se qual montanha de insectos impacientes.

2 comentários:

João Menéres disse...

A culpa foi dos faraós ao construirem as pirâmides...

Silvares disse...

Tem razão. Começo a perceber que a pirâmide será uma das figuras menos democráticas nascidas no mundo da geometria.
:-)