Dantes eram as camisas Lacoste e as malas Louis Vuitton que apareciam à venda em quantidades quase industriais e a preços impossíveis. As pessoas compravam material contrafeito mas sabiam que estavam a fazê-lo. O preço era bem em conta...
Agora são pinturas de Paula Rego e António Palolo a serem vendidas, mas a preços elevados (ver aqui) a pessoas "inocentes" que as adquiriram convencidas que estavam a pagar pela "real thing". A contrafacção segue caminhos inesperados.
A Polícia Judiciária anunciou ter apreendido centenas de pinturas falsas daqueles artistas portugueses. Ao que parece, muitas delas haviam já sido comercializadas.
Ok, coisa banal, normalíssima, nos tempos que correm. O que me surpreende não é o facto de se falsificarem obras de artistas consagrados, a minha surpresa é haver quem compre pinturas de Paula Rego quando é evidentemente impossível que sejam originais.
Quem investe uns milhares de euros a comprar uma obra que está reproduzida um pouco por todo o lado e que é do domínio público que não poderia estar à venda? Quem são estes "inocentes", valha-me Deus, Nosso Senhor? É preciso ter muito dinheiro e muito pouca informação.
Esta notícia mostra que ter muito dinheiro não é sinónimo de nada e pode ser sinónimo de muita coisa.
terça-feira, maio 28, 2013
sábado, maio 25, 2013
Pensamento nocturno
A Humanidade receia a escuridão. As cidades são tentativas mais ou menos desesperadas para anular a escuridão, fazer prevalecer a luz sobre a treva.
Deus é luz, o amor ilumina a alma, o conhecimento é a luz do espírito, o burgo é a luz do burguês.
Os candeeiros na rua afugentam a escuridão, os burgueses são seres que amam a luz artificial como borboletas conscientes da existência dos lobos e dos monstros que as trevas moldam no silêncio, misturado com pequenos ruídos arrepiantes.
Deus é luz, o amor ilumina a alma, o conhecimento é a luz do espírito, o burgo é a luz do burguês.
Os candeeiros na rua afugentam a escuridão, os burgueses são seres que amam a luz artificial como borboletas conscientes da existência dos lobos e dos monstros que as trevas moldam no silêncio, misturado com pequenos ruídos arrepiantes.
sexta-feira, maio 24, 2013
quinta-feira, maio 23, 2013
Ligeira fuga
Hoje fugi ligeiramente à rotina. A realidade estava a sufocar-me, a puta! Raramente me apercebo quando o quotidiano me põe a delirar. Hoje reparei. Estava fora de mim, o peito a rebentar e o ânimo em zona vermelha. Perigo!
Quando cheguei a casa propus uma pequena fuga à minha mais-que-tudo e fugimos os dois. Apenas ligeiramente. Um pouco de sol na cabeça, um pouco de vento soprado do mar, uma esplanada e uma cerveja fresquinha. O carro a rolar indolente, sem pressas, cruzamentos a fazer caminho no último instante, virar mais ou menos ao acaso.
Regressámos após algumas horas. Não fizemos nada de espectacular, apenas fugimos ligeiramente.
A realidade nem deve ter reparado e a nós soube tão bem fazer de conta por umas horas.
Quando cheguei a casa propus uma pequena fuga à minha mais-que-tudo e fugimos os dois. Apenas ligeiramente. Um pouco de sol na cabeça, um pouco de vento soprado do mar, uma esplanada e uma cerveja fresquinha. O carro a rolar indolente, sem pressas, cruzamentos a fazer caminho no último instante, virar mais ou menos ao acaso.
Regressámos após algumas horas. Não fizemos nada de espectacular, apenas fugimos ligeiramente.
A realidade nem deve ter reparado e a nós soube tão bem fazer de conta por umas horas.
Etiquetas:
quotidiano delirante
terça-feira, maio 21, 2013
Memória do futuro
Durante a minha infância vivi em estado semi-selvagem. O máximo de tecnologia a que tive acesso era um velho aparelho de televisão a preto e branco que de vez em quando se recusava a funcionar e a minha avó paterna arranjava com uns valentes murros na caixa.
Quando cheguei à adolescência foi com alguma emoção que recebi (já não sei de onde terá vindo) um leitor de cassetes, daqueles mono, como os que usavam os repórteres dos anos 70 para fazer entrevistas. As cassetes que tocava nesse aparelho primitivo eram todas dos Doors.
Ouvia as cassetes tantas vezes que as fitas se partiam e tinha de as arranjar com pedaços de fita-cola. E voltavam a rodar e a rodar e a fazer-me sonhar já não me lembro com quê. Aquela música hipnotizava-me. Nos dias de hoje tenho vários dos discos dos Doors na minha prateleira e, de vez em quando, regresso a eles mas falta-me a frescura da adolescência para nadar até à lua.
Ontem faleceu Ray Manzarek. Lá se foi mais um pedaço do tempo. É estranho quando recordamos uma destas personagens. Ray tinha 74 anos mas, para mim, será sempre aquele jovem com grandes patilhas, óculos sem aros e longo cabelo escorrido e louro, debruçado sobre o órgão; genial, absolutamente extraordinário.
Um homem assim nunca morre de verdade enquanto não morrer o mundo em que viveu.
Quando cheguei à adolescência foi com alguma emoção que recebi (já não sei de onde terá vindo) um leitor de cassetes, daqueles mono, como os que usavam os repórteres dos anos 70 para fazer entrevistas. As cassetes que tocava nesse aparelho primitivo eram todas dos Doors.
Ouvia as cassetes tantas vezes que as fitas se partiam e tinha de as arranjar com pedaços de fita-cola. E voltavam a rodar e a rodar e a fazer-me sonhar já não me lembro com quê. Aquela música hipnotizava-me. Nos dias de hoje tenho vários dos discos dos Doors na minha prateleira e, de vez em quando, regresso a eles mas falta-me a frescura da adolescência para nadar até à lua.
Ontem faleceu Ray Manzarek. Lá se foi mais um pedaço do tempo. É estranho quando recordamos uma destas personagens. Ray tinha 74 anos mas, para mim, será sempre aquele jovem com grandes patilhas, óculos sem aros e longo cabelo escorrido e louro, debruçado sobre o órgão; genial, absolutamente extraordinário.
Um homem assim nunca morre de verdade enquanto não morrer o mundo em que viveu.
segunda-feira, maio 20, 2013
Ser Deus
O mundo, visto daqui, é uma nuvem difusa. Sentado na minha cadeira leio o jornal, vasculho a Internet de forma mais ou menos anárquica. Encontro isto, leio sobre aquilo, as peças vão-se encaixando numa espécie de puzzle monstruoso, uma coisa viva que, quando as peças não encaixam bem, muda de forma e se adapta perante os meus olhos. Um camaleão que muda completamente a forma tangível das coisas e não apenas de cor.
O camaleão parece obedecer aos meus anseios, é comandado pelas minhas convicções. Ajusta-se de acordo com aquilo que eu quero que seja a realidade. Não é fácil mas também não é particularmente difícil. Basta-me acreditar em alguma coisa para encontrar forma de a transformar em algo credível através da recolha de informação. Escolho os pedaços de realidade que me convêm, sou um Doutor Frankenstein que constrói um corpo lógico para construir uma visão do mundo, juntando e ordenando peças capazes de dar vida útil às minhas paranóias.
O camaleão justifica as minhas indignações e confirma os meus princípios, por mais discutíveis que sejam. Não faz de mim uma pessoa feliz mas, de algum modo, contribui para algo que se aproxima de uma certa sensação de felicidade.
Ter razão é fundamental. Porquê? Por nada, só por isso mesmo: ter razão. Talvez porque sou um ser racional, encontrar forma de adaptar o mundo àquilo que acredito que ele é contribua para me sentir completo e realizado. Ou talvez nada disto seja real, nada disto interesse verdadeiramente. Mas lá que me faz sentir melhor, quanto a isso não tenho dúvidas.
Se calhar tudo isto não é mais do que vaidade. Sim, penso que moldar o mundo de acordo com as nossas convicções é uma manifestação da mais absoluta vaidade.
É como ser Deus.
O camaleão parece obedecer aos meus anseios, é comandado pelas minhas convicções. Ajusta-se de acordo com aquilo que eu quero que seja a realidade. Não é fácil mas também não é particularmente difícil. Basta-me acreditar em alguma coisa para encontrar forma de a transformar em algo credível através da recolha de informação. Escolho os pedaços de realidade que me convêm, sou um Doutor Frankenstein que constrói um corpo lógico para construir uma visão do mundo, juntando e ordenando peças capazes de dar vida útil às minhas paranóias.
O camaleão justifica as minhas indignações e confirma os meus princípios, por mais discutíveis que sejam. Não faz de mim uma pessoa feliz mas, de algum modo, contribui para algo que se aproxima de uma certa sensação de felicidade.
Ter razão é fundamental. Porquê? Por nada, só por isso mesmo: ter razão. Talvez porque sou um ser racional, encontrar forma de adaptar o mundo àquilo que acredito que ele é contribua para me sentir completo e realizado. Ou talvez nada disto seja real, nada disto interesse verdadeiramente. Mas lá que me faz sentir melhor, quanto a isso não tenho dúvidas.
Se calhar tudo isto não é mais do que vaidade. Sim, penso que moldar o mundo de acordo com as nossas convicções é uma manifestação da mais absoluta vaidade.
É como ser Deus.
Etiquetas:
filosofia de tasca
sexta-feira, maio 17, 2013
A Senhora
Cavaco e a sua Maria
Corria o ano de 2002 d.C. Nesses tempos longínquos em que alguns animais ainda falavam, era Paulo Portas ministro de Estado e da Defesa. Um petroleiro de nome "Prestige", sofreu um grave acidente provocando uma temível maré negra ao largo da costa portuguesa lá mais para as bandas do Norte. Durante alguns dias andámos com o credo na boca, se o crude desse à costa em território português... mas o petróleo derramado acabou por ir infernizar a vida aos nossos pobres irmãos galegos. As imagens que então nos chegaram eram dramáticas.
Paulo Portas acabou por confessar que acreditava que a salvação da costa portuguesa se devera a uma milagrosa intervenção de Nossa Senhora (recordar aqui). Esta perspectiva do nosso crónico governante mostrava a quem quisesse ver que Nossa Senhora, quando é preciso, tem tomates para lixar os galegos em benefício deste povo dócil que nós somos. É uma mulher de barba rija!
Veio-me esta fábula à memória quando vi na TV (confesso que com cara de parvo) o actual presidente de república em Portugal, o inefável Cavaco Silva, atribuir à mesmíssima Virgem o resultado favorável da 7ª avaliação da Troika às intenções dos nossos governantes actuais (ver e ouvir aqui).
Percebo agora que em situações de crise, com os governantes que o nosso povo elege, a solução que nos resta é encomendar a alma ao Criador ou a quem O represente, nem que seja por procuração. Valha-nos Nosso Senhor.
Etiquetas:
coisas sem sentido,
crise,
fanatismo
terça-feira, maio 14, 2013
Dúvidas
Ontem comprei uma camisa que, mais tarde, verifiquei ser "made in Bangladesh". A primeira coisa que me veio à cabeça: terá sido fabricada por algum dos que morreram na derrocada daquele prédio que matou mil pessoas?
Não me buliu o coração nem um bocadinho e isso deixou-me um pouco incomodado. Se calhar não sou tão solidário como imaginava, não me preocupo com a espécie humana com o desvelo que se impõe a uma boa alma. Comprei a camisa porque era barata. Fiquei com ela porque o "made in Bangladesh" está escondido na etiqueta e não revela ao mundo essa minha nódoa moral?
Na verdade, o que se passou foi que quando reparei no pormenor da origem da camisa já estava no balcão, a pagar. Já tinha uma factura e digitara os números do meu cartão de débito na maquineta. Não me apeteceu dizer à empregada (que tinha cara de se preocupar mais com revistas cor-de-rosa do que com jornais "sérios") que não queria aquela camisa porque... porquê? Sou mais preguiçoso do que solidário.
Quando saí da loja tive uma iluminação! Talvez aquela camisa tivesse sido fabricada por Reshma, a rapariga que sobreviveu 17 dias sob os escombros do prédio que vitimou outras mil pessoas, entre colegas e nem tanto. Fiquei mais sossegado. Decerto que trazia no saco uma peça saída das mãos da rapariga protegida por Deus. É assim que os fracos se convencem que são mais ou menos fortes?
Leio que o salário médio de um operário no Bangladesh é de 29 euros (ver aqui). A camisa custou 12. Ou seja, quantas camisas daquelas faz um operário por dia já que duas e uns trocos pagam o seu ordenado mensal? É melhor nem pensar nisso, comprei uma coisa daquelas, para onde vai o dinheiro que paguei?
A tragédia fez com que o governo decidisse rever as condições laborais e a tabela salarial destes quase-escravos. As empresas que exploram o trabalho destas pessoas fazem valer o velho ditado "casa roubada, trancas à porta" e anunciam que irão investir nas condições de segurança das fábricas. Pouco perderão, igual a nada.
Se a morte de mil operários teve o condão de por em movimento todas estas acções o que aconteceria se tivessem morrido dois mil? Ou três mil... quantas pessoas precisam de morrer para que se faça justiça social? Quantas pessoas precisam de morrer para que o capitalismo selvagem fique manso, nem que seja por breves momentos?
Não me buliu o coração nem um bocadinho e isso deixou-me um pouco incomodado. Se calhar não sou tão solidário como imaginava, não me preocupo com a espécie humana com o desvelo que se impõe a uma boa alma. Comprei a camisa porque era barata. Fiquei com ela porque o "made in Bangladesh" está escondido na etiqueta e não revela ao mundo essa minha nódoa moral?
Na verdade, o que se passou foi que quando reparei no pormenor da origem da camisa já estava no balcão, a pagar. Já tinha uma factura e digitara os números do meu cartão de débito na maquineta. Não me apeteceu dizer à empregada (que tinha cara de se preocupar mais com revistas cor-de-rosa do que com jornais "sérios") que não queria aquela camisa porque... porquê? Sou mais preguiçoso do que solidário.
Quando saí da loja tive uma iluminação! Talvez aquela camisa tivesse sido fabricada por Reshma, a rapariga que sobreviveu 17 dias sob os escombros do prédio que vitimou outras mil pessoas, entre colegas e nem tanto. Fiquei mais sossegado. Decerto que trazia no saco uma peça saída das mãos da rapariga protegida por Deus. É assim que os fracos se convencem que são mais ou menos fortes?
Leio que o salário médio de um operário no Bangladesh é de 29 euros (ver aqui). A camisa custou 12. Ou seja, quantas camisas daquelas faz um operário por dia já que duas e uns trocos pagam o seu ordenado mensal? É melhor nem pensar nisso, comprei uma coisa daquelas, para onde vai o dinheiro que paguei?
A tragédia fez com que o governo decidisse rever as condições laborais e a tabela salarial destes quase-escravos. As empresas que exploram o trabalho destas pessoas fazem valer o velho ditado "casa roubada, trancas à porta" e anunciam que irão investir nas condições de segurança das fábricas. Pouco perderão, igual a nada.
Se a morte de mil operários teve o condão de por em movimento todas estas acções o que aconteceria se tivessem morrido dois mil? Ou três mil... quantas pessoas precisam de morrer para que se faça justiça social? Quantas pessoas precisam de morrer para que o capitalismo selvagem fique manso, nem que seja por breves momentos?
Etiquetas:
capitalismo selvagem,
mundo,
quotidiano delirante
sexta-feira, maio 10, 2013
Conversas
Hoje não me apetecem as conversas fáceis. Já me farto de ouvir falar no governo, na economia, no desemprego, no capitalismo, dos meus ouvidos escorre crise, crise, criiiiiiiseee.
Intervalo.
Peço um intervalo: tréguas para recolher os mortos e tratar as fendas aos feridos. Chega de conversas fáceis, amanhã até pode haver mais, mas hoje não. Não me apetece.
São conversas fáceis aquelas em que dizendo o contrário se diz sempre o mesmo e a mesma coisa. Aquelas em que, quando determinado figurão vai abrir a boca sobre este assunto, já sabemos que vai falar asssssssim e, caso se refira àquele outro tema, dirá, simplesmente: assado!
Hoje apetecem-me conversas tolas. Conversas que podem não fazer sentido mas que tenham sumo e substância e nem precisam de ser daquelas conversas de fazer sorrir. Podem ser das outras.
Hoje sinto-me um Hércules do argumento, um Eusébio da palavra, capaz de fintar, surpreender e arrancar em força, como uma seta, directo ao coração do adversário. A minha vitória será nossa o que fará dela a mesma coisa que a derrota.
Hoje não me apetecem conversas fáceis, vamos a ver se não ficarei silencioso todo o santo dia. Mas há sempre a noite. Enquanto houver noite há esperança!
Intervalo.
Peço um intervalo: tréguas para recolher os mortos e tratar as fendas aos feridos. Chega de conversas fáceis, amanhã até pode haver mais, mas hoje não. Não me apetece.
São conversas fáceis aquelas em que dizendo o contrário se diz sempre o mesmo e a mesma coisa. Aquelas em que, quando determinado figurão vai abrir a boca sobre este assunto, já sabemos que vai falar asssssssim e, caso se refira àquele outro tema, dirá, simplesmente: assado!
Hoje apetecem-me conversas tolas. Conversas que podem não fazer sentido mas que tenham sumo e substância e nem precisam de ser daquelas conversas de fazer sorrir. Podem ser das outras.
Hoje sinto-me um Hércules do argumento, um Eusébio da palavra, capaz de fintar, surpreender e arrancar em força, como uma seta, directo ao coração do adversário. A minha vitória será nossa o que fará dela a mesma coisa que a derrota.
Hoje não me apetecem conversas fáceis, vamos a ver se não ficarei silencioso todo o santo dia. Mas há sempre a noite. Enquanto houver noite há esperança!
Etiquetas:
coisas sem sentido,
quotidiano delirante
terça-feira, maio 07, 2013
Manhãs
Uma tosta coberta com doce de abóbora e um pedaço de queijo fresco. Um café quente e umas páginas do livro que estou a ler. É assim que começa o meu dia ideal.
Como é evidente os dias nem sempre começam assim, tão bons. São demasiadas as vezes não começam assim. Muitas vezes começam de outra forma, confusos, difusos e obtusos, levados na voragem do relógio.
Quando tenho tempo aponto num caderninho as coisas que me passam pela cabeça nesses primeiros minutos do dia que partilho com o canto dos pássaros e os ruídos dos automóveis.
"Toda as coisas começam em qualquer momento. Um atraso começa sempre por ser uma coisa que não quer existir."
O dia de hoje começou assim. Sem tosta, sem doce, sem queijo fresco nem café. E sem leitura matinal, o que talvez seja o pior de tudo.
Como é evidente os dias nem sempre começam assim, tão bons. São demasiadas as vezes não começam assim. Muitas vezes começam de outra forma, confusos, difusos e obtusos, levados na voragem do relógio.
Quando tenho tempo aponto num caderninho as coisas que me passam pela cabeça nesses primeiros minutos do dia que partilho com o canto dos pássaros e os ruídos dos automóveis.
"Toda as coisas começam em qualquer momento. Um atraso começa sempre por ser uma coisa que não quer existir."
O dia de hoje começou assim. Sem tosta, sem doce, sem queijo fresco nem café. E sem leitura matinal, o que talvez seja o pior de tudo.
Etiquetas:
pensamento matinal,
quotidiano delirante
quinta-feira, maio 02, 2013
Uma coisa em forma de assim
A derrocada de um edifício de oito andares onde funcionavam cinco fábricas de confecções nos arredores da cidade de Daca dá que pensar. Marcas como a Benetton e El Corte Inglés, entre outras com sede em países europeus, recebem muitas das suas peças vindas daquelas bandas. Vêm limpas, não trazem sangue.
Ali os operários ganham perto de 40 dólares por mês. 40 dólares!? Esse deverá ser o preço médio da maior parte das peças que produzem em condições laborais abaixo de cão.
Comparados com os operários europeus, os do Bangladesh não têm quaisquer direitos. São pouco mais do que escravos mas, como diz o ditado, "longe da vista, longe do coração". As grandes marcas europeias enriquecem à conta da miséria alheia. Será isto colonialismo?
Não. Isto não é colonialismo, isto é globalização. Países como Portugal perderam centenas de unidades de produção têxtil. Os nossos operários eram demasiado caros, apesar dos baixos salários que auferiam segundo os nossos padrões. Ainda por cima tinham direitos laborais! Que descaramento.
O desemprego sobe em flecha na Europa. Países como o Bangladesh vão fazendo pela vida. Isto não é concorrência, é exploração pura e dura.
Ali os operários ganham perto de 40 dólares por mês. 40 dólares!? Esse deverá ser o preço médio da maior parte das peças que produzem em condições laborais abaixo de cão.
Comparados com os operários europeus, os do Bangladesh não têm quaisquer direitos. São pouco mais do que escravos mas, como diz o ditado, "longe da vista, longe do coração". As grandes marcas europeias enriquecem à conta da miséria alheia. Será isto colonialismo?
Não. Isto não é colonialismo, isto é globalização. Países como Portugal perderam centenas de unidades de produção têxtil. Os nossos operários eram demasiado caros, apesar dos baixos salários que auferiam segundo os nossos padrões. Ainda por cima tinham direitos laborais! Que descaramento.
O desemprego sobe em flecha na Europa. Países como o Bangladesh vão fazendo pela vida. Isto não é concorrência, é exploração pura e dura.
Etiquetas:
explorações,
mundo
Subscrever:
Mensagens (Atom)