A pé ou de carro ou de autocarro (os que vão em meios de transporte subterrâneos representam o paradigma da situação que tento aqui expor) os olhares parecem não ser capazes de se fixar na paisagem urbana. As pessoas atiram os olhos para o fundo de telemóveis (ou aparelhos desse género) buscando constantemente imagens que não estão ali, à sua volta, como se o objectivo das suas vidas fosse, simplesmente, consumir imagens artificiais que lhes chegam constantemente, produzidas por outras pessoas.
É uma espécie de magia trecnológica que nos coloca em espaços virtuais alternativos e nos rouba ao lugar onde nos encontramos. É como na canção de António Variações que diz: "eu só estou bem, aonde não estou e eu só quero ir aonde não vou...", fugimos sempre do "aqui e agora" sem nos apercebermos que assim poderemos estar a fugir daquilo que somos, de quem somos. Qual é o problema? Também não sei bem.
É aqui que entra aquilo que chamamos de "street art". Os gajos que pintam as paredes das ruas criam momentos específicos na monotonia da paisagem urbana, roubam-nos a atenção para fora de nós próprios, devolvem-nos o olhar particular e individual que nos caracteriza e distingue uns dos outros e dos bichos que connosco convivem nos esgotos. Tornam possível o acto de contemplar o mundo artificial em que nos movemos como autómatos. "Sujam-no", fazem dele um espaço imperfeito e, como tal, humanizam esse espaço.
6 comentários:
Rui, ou simplismente usam os muros, paredes, e colunas como SUPORTE para suas artes! Nunca teorizaram. Mas podem ter a leitura que entendermos, inclusive essa sua!
Eduardo, muitas dessas pinturas são autênticos oasis num deserto de ideias.
Não é preciso percorrer muitos quilómetros, nem atravessar muitas fronteiras nem ter muitos carimbos no passaporte para se fazerem grandes viagens. O mundo à nossa volta é um livro cheio de histórias, assim haja curiosidade para o ler. As cidades passaram a ser feitas para os carros e perdeu-se a relação da próximidade com o espaço. Talvez por isso o meu meio de transporte preferido continue ainda e sempre a ser as duas pernas. São imbativeis.
Concordo com oS RuiS
é pá tás maluco? esses gajos acham que isto é tudo deles e cagam tudo meu, deviam era serem obrigado a lavar tudo com a língua.
qual oásis qual arte qual quê, vão trabalhar!
Rui, e se andarmos com um caderninho e um lápis...
Eduardo, este assunto é, cada vez mais, consensual.
Dear Zé, limpar com a língua! Talvez não fosse eficaz.
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