sábado, março 29, 2008

Jornais


Ao fim-de-semana mesmo os diários pesam toneladas. Caramba, tanto papel! Os semanários são verdadeiros monumentos às artes gráficas e um incentivo às empresas de celulose.

Toneladas de papel, mega toneladas de informação, uma espécie de outro mundo, também ele virtual, onde nos movemos como zombies em busca de alimento fresco. Eu, particularmente, sou um verdadeiro zombie da informação jornalística. Talvez mesmo um vampiro. Mas começo a estar cansado. Não tenho capacidade de armazenamento para tanta coisa, tanta notícia, tanta opinião. Começo a fraquejar. O tempo que gasto (não sei se o perco se o ganho, há esta confusão com o Tempo...) a ler jornais fica em falta para ler outras coisas. É um tempo que convida a uma espécie de preguiça que não é bem preguiça, é mais uma letargia, uma suspensão, sei lá o que é. É um café pela manhã (já houve tempos em que era também um cigarro), é uma esplanada ensolarada nesta época do ano, um sofá debaixo do candeeiro de pé ou uma cadeira verde na varanda. o tempo do jornal é isto tudo e mais uma mão-cheia de outras coisas. E metemos informação para dentro. Tanta informação que, depois, sentimos necessidade de a expelir. Somos como romanos antigos numa orgia, comer, comer, beber e beber até ser preciso vomitar para voltar ao salão e, mais uma vez, comer, comer e beber, beber. Começo a olhar aqui para o 100 Cabeças e o que vejo? A informação com que atafulhei o espírito aqui esparramada. Como se isto fosse um vomitório.

Mmmmmh, que imagem tão nojenta.

sexta-feira, março 28, 2008

Sobre a Pintura


Little Cadet, Zhang Xiaogang, oil on canvas, 2001

Toda a pintura é natureza morta, natureza mumificada, cristalizada, embalsamada por métodos resultantes de uma sabedoria instintiva, anterior à própria consciência de sermos humanos. Terá sido com o contributo desse incomparável acto de magia que os nossos antepassados descobriram algumas diferenças substanciais entre si próprios e os bicharocos que devoravam gulosamente. Estou em crer que foi a pintura a fazer-nos humanos e não o contrário.

Flores no alcatrão


Viver na cidade afasta-nos tanto da natureza que chegamos a esquecer a nossa própria condição animal. A chuva é uma maçada, o sol incomoda, o vento desorganiza. As manifestações da natureza não se coadunam com a nossa perspectiva da passagem do tempo urbano. Tempo urbano tem a ver com relógio. Tempo que se perde, tempo que se ganha quando é vendido ou comprado. Como se pode perder ou ganhar uma coisa tão abstracta como o tempo?

Na cidade não há bem Primavera nem Inverno. Não damos atenção aos sinais das diferentes estações do ano porque o nosso ritmo quotidiano não se organiza de acordo com elas mas sim apesar delas, ignorando-as o mais possível. O nosso ritmo quotidiano é organizado de acordo com a agenda, o calendário e, outra vez, o relógio. O relógio, o relógio... que se lixe o relógio!

Os animais vivem em apartamentos e vêm à rua pela trela fazer cócó, já nem sequer se diz que cagam. Pobres animais. Até a fruta, que dantes anunciava as estações do ano mais ou menos como as andorinhas, até a fruta aparece sem ordem natural que o explique, exposta nos supermercados a preços tão estranhos como a sua presença fora de época.
Na cidade a natureza vive também fechada em pequenos quartos, escondida em memórias que ansiosamente temem ser esquecidas de uma vez por todas. Vive em vasos, nas varandas ou em canteiros devidamente delimitados e organizados. Ou se porta bem ou é metida na ordem.

O que nos vale é que, algures lá fora, longe dos prédios e dos automóveis, sem computadores nem écrans de TV que estão sempre a falar, a falar, a falar, há-de haver pelo menos um lugar qualquer que ainda respeita aquilo que aprendemos nos livros de leitura (quando éramos pequeninos e íamos à escola aprender a ler e a perceber melhor o mundo que nos rodeava).
Eu sei que esse lugar existe.
Quer dizer, acho que existe.
Caraças, TEM de existir um lugar assim!!!!
Mas, no entanto, gosto de viver na cidade. E tu? trocavas a poluição e o ruído por ar puro e silêncio absoluto? Então de que estás à espera?

terça-feira, março 25, 2008

Ensinar a ensinar

O título deste post não é bom mas isso também não é particularmente importante. O vídeo(legendado em português) chegou-me via e-mail por mão amiga. São 6 minutos e mais uns trocos de uma palestra de Heidi e Alvin Toffler (lembram-se de A 3ª Vaga?)sobre o sistema de ensino tal como é encarado pelas sociedades industrializadas contemporâneas. Perante a actual discussão meio descabelada sobre aquilo que se passa e não passa nas nossas escolas, este vídeo tem o dom de fornecer mais uma perspectiva sobre o assunto. Parece-me interessante. Será que vale a pena oferecer 6 minutos do nosso tempo a estes dois velhotes e ouvir o que têm a dizer sobre toda esta salsada? É questão de experimentar.

segunda-feira, março 24, 2008

Com o coração nas mãos


Easter Bunny meets The King


Tive problemas com o acesso à NET e vi-me uns dias sem poder por aqui andar. Ao princípio foi complicado, há hábitos difíceis de ultrapassar. Entretanto fiz a peregrinação anual por esta data festiva até à minha santa terrinha. Fui ver pessoas, lugares e respirar o ar gélido soprado das serras. Senti-me limpo e, uma vez mais, foi tempo de fazer as pazes com esta merda toda. A Páscoa é assim mesmo. Dou uma beijoca num crucifixo metálico (trazido este ano pelo meu velho amigo Amílcar, fazia muito tempo que o não via tão feliz), num Cristo com os pés mais frios que um focinho de cão, como tem de ser.
Vem o padre benzer a casa, espirrando água-benta e umas falas meio engonhadas que não se percebem nem me parece que sejam para ser percebidas. Come-se uma porcariazeca qualquer (ninguém tem apetite nenhum porque toda a gente acabou de morfar um almoço dos antigos e, ainda a digestão vai no adro, já se está a emborcar outra vez um bolinho ou uma amêndoa...), bebe-se mais um copo de qualquer coisa, o que calhar está bem, e o padre bem se tenta escapar ao copito mas nem sempre tem sorte. Lá mais para o fim da tarde já há-de andar com uma perna a lamber a outra que isto de representar Deus no dia em que se festeja a morte e ressureição do Filho não é para todos e, mesmo para os que é, é barra pesada.
Enfim, Domingo de Páscoa é dia de andar com o coração nas mãos. Rever amigos, memórias e fantasmas, fazer de contas que um Cristo de lata tem alguma magia e perceber como o amor ao próximo é a coisa mais suave que a existência tem para nos deixar aproveitar enquanto é tempo. O resto... o resto que se lixe, perante tal suavidade e transparência não vale a pena estar a perder tempo com coisas porventura mais importantes mas, sem dúvida, muito menos belas.
Boa Páscoa (que já lá vai).

terça-feira, março 18, 2008

Rota dos mamarrachos

O centro comercial conhecido como Fórum Almada (ou será Almada Fórum?), um forte candidato a figurar numa rota dos mamarrachos do concelho com a sua inenarrável sereia como ponto de interesse particular


Uma ideia para promover certas zonas dos país em termos quase turísticos: estabelecer rotas locais de mamarrachos. A minha querida cidade de Almada, por exemplo. Vítima do implacável correr do tempo, é uma cidade feia de meter medo. Debruçada nas costas do rio, mais para cá do que para lá, tem nas paisagens que rouba a Lisboa o ponto alto do interesse estético em termos urbanos.


A cidade, própriamente dita, é de fugir. A arquitectura caótica e a atávica ausência de um plano urbanístico fazem de Almada uma espécie de gigantesco projecto assinado por um qualquer engenheiro de quinta categoria. Horripilante e deprimente, são dois vocábulos que me assaltam a mente de imediato e sem esforço.



O ponto alto de Almada (literalmente) é o Cristo Rei. Mas os turistas deslocam-se em direcção a esse monumento ignorando a restante cidade. No lugar deles faria o mesmo. Mas, imaginemos, se houvesse uma promoção adequada de certos mamarrachos que não sei bem se desfeiam se alindam a cidade, talvez se pudesse aguçar uma certa curiosidade mórbida, levando os turistas a procurarem os locais indicados na perspectiva excitante de poderem gozar um pouco a desgraça alheia. Assim a modos que uma feira de enormidades com a mulher barbuda ou o homem-tronco a acender cigarros sem a ajuda de braços nem de pernas.



Quem diz Almada diz inúmeras urbes horrendas que pagam o preço de séculos de boçalidade e ignorância estética (para não falar da ausência de ética) e que pontuam o mapa de Portugal com os seus nomes tenebrosos. Aqui fica esta proposta, à atenção dos autarcas da minha terra: promovam-se as rotas dos mamarrachos. Façamos do horrível algo de belo, quanto mais não seja tentemos rir da nossa desgraça. Sem medos.

sexta-feira, março 14, 2008

Que grande McEwan!!!


Há grandes escritores, escritores geniais, maus escritores, escritores assim-assim. Há plagiadores e autómatos agarrados ao teclado, há milhentas formas de escrever e ser escritor. Depois, para lá de tudo isto, sem rótulo que se lhe agarre nem prateleira que lhe sustente a categoria, há Ian McEwan.

Sábado é simplesmente... um livro de McEwan. Nem sequer dá para afirmar que é um livro genial. Não chega.

quinta-feira, março 13, 2008

Fervente


As coisas fervem mas não se passa nada.
Anda por aí muita gente nervosa, muita gente serena, muita gente que nem se dá bem conta de o ser. Mas a coisa ferve, está em ebulição. No entanto... não se passa nada de nada.
Os dias rolam com a cumplicidade do relógio (amigos desde sempre), os carros continuam a passar do lado de lá da janela como se não fosse nada com eles. Os aviões continuam a voar sobre a cabeça do Cristo Rei, lá ao fundo da janela, chegam vindos de não-interessa-onde com destino aqui mesmo.
As coisas estão a ferver. Pode demorar um certo tempo até entrarem em ebulição.
Quando isso finalmente acontecer a tampa vai saltar. Aí sim, será o bom e o bonito.
Entretanto os mundo nas voltas que dá gera a vaga possibilidade de uma espécie de justiça poética: e se o sucessor de Bush na Casa Branca for o Presidente Hussein, dos EUA? Era lindo, não era? O Presidente Barack Hussein Obama... vingança da História sobre um facínora que só a tem desfigurado.
Entretanto a coisa vai fervendo...

terça-feira, março 11, 2008

As manas Bolena


Gostas de filmes de época? Tens uma certa admiração por actores capazes de fazerem algo mais do que serem bonitos sem mais nada? O guarda-roupa é uma das coisas que mais te prende a atenção quando vais ao teatro ou ao cinema? Não te importas de ver um filme a dois tempos? Então está fixe, podes avançar sem medos para a sala mais próxima onde estiver a passar este Duas Irmãs, um Rei, título da versão portuguesa de The Other Boleyn Girl http://www.theotherboleyngirlmovie.co.uk/.

A reconstituição da corte inglesa no tempo em que era dominada pela figura algo inquietante de Henrique VIII parece impecável. Já o dito cujo, interpretado por Eric Bana, talvez pudesse ter uma exposição narrativa mais densa por forma a ganhar alguma "espessura" aos olhos do espectador. As manas Bolena são impecáveis! Não, não apenas por serem interpretadas por Scarlett Johansson e Natalie Portman mas também por isso. Na verdade são impecáveis precisamente por isso. Por estarmos perante duas excelentes actrizes no pleno esplendor da juventude. Bonito.

Depois há o guarda-roupa (aparentemente) irrepreensível. Lindo de se ver. Há momentos em que parece estarmos a assistir a uma passagem de modelos do século XVI!

Então será um filme perfeito, não? Não.

Em termos de dinâmica narrativa há um tremendo desiquilibrio. A história desenrola-se num determinado ritmo, as cenas vão-se sucedendo com um certo tempo característico e, de súbito, nos últimos minutos, tudo se precipita. O filme parece acordar de repente e, qual coelho branco, descobre que está atrasado. A partir daí as cenas sucedem-se a uma velocidade alucinante o que leva o filme a dar um ou outro trambolhão. Nada de muito grave mas talvez a produção pudesse ter permitido mais uns minutinhos de filme. Decerto não foi por falta de material que as coisas aceleram daquela maneira até ao último suspiro. Do filme e do espectador. Que cansaço!

Seja como for dá pra ver com agrado apesar da vertigem final.

segunda-feira, março 10, 2008

Carta

Problemas

Na noite de Sábado, após a manifestação dos professores, veio a ministra da educação defender a tese de que tentar resolver os problemas do sector com a sua demissão seria a forma mais fácil de lidar com a situação. Ao reafirmar a sua determinação em manter-se no cargo e prosseguir com a implementação das medidas que tanta tinta têm feito correr, Maria de Lurdes Rodrigues estaria a optar pela via mais complicada mas, a seu ver, a via correcta para tirar o sistema educativo do buraco escuro em que se encontra.
Fica a impressão de que, no entender da ministra, os problemas complicados exigem soluções complexas numa lógica de equiparação entre problema e solução que não é assim tão linear. Por vezes questões extremamente complicadas resolvem-se de forma surpreendentemente simples.
Basta olhar para o organigrama da avaliação do desempenho dos professores para perceber que aquilo que lhes é proposto padece de uma tremenda maleita. É uma confusão. As mentes (decerto brilhantes) que estão por detrás daquele amontoado de dados contraditórios e de naturezas tão diversas não terão imaginado que haverá respostas mais simples para a questão em análise?
Uma coisa que não é fácil de explicar aos jovens estudantes é que uma resposta extensa não é, obrigatoriamente, uma boa resposta. É uma luta constante tentar provar-lhes que a objectividade é um bem precioso e a capacidade de síntese uma arte difícil, precisamente por procurar formas simples de expor ideias complexas. Após um teste de avaliação é comum ouvir um aluno afirmar que lhe correu bem pois escreveu muito. Toda a gente percebe que escrever muito não garante à partida a qualidade do trabalho.
O ministério da 5 de Outubro deve estar convencido que, produzindo constantemente páginas imensas de uma legislação enigmática, está a contribuir para solucionar os problemas da educação. Quem trabalha nas escolas sabe que as ordens e contra-ordens com que têm sido bombardeadas nos últimos meses apenas têm servido para lhes complicar o trabalho. É tempo de explicar a todos os que circulam nos gabinetes ministeriais que na quantidade é possivelmente mais difícil encontrar alguma qualidade e que a aparente complexidade de um problema não obriga a uma resposta igualmente confusa. Talvez a via difícil não seja a mais apropriada para dar resposta aos nossos problemas.



Carta enviada hoje ao Director do jornal Público

Comunistas aos pontapés

Nos últimos tempos temos ouvido as mais variadas vozes indignadas afirmarem que por trás da contestação social se encontra, sempre a manobrar na sombra de forma malévola, o Partido Comunista.
Os professores manifestam-se na rua? Estão a ser manipulados pelos comunistas!
Há berraria à porta das sedes do PS? São berradores comunistas que estão ali a berrar!
Há descontentamento generalizado entre a população? São os comunistas a minar a ordem pública!
Os nossos governantes vêem comunistas em todo o lado. Deve ser incomodativo. Soa a paranóia.
A questão interessante é que em todas estas situações se fala dos comunistas como se eles tivessem lepra ou andassem por aí na clandestinidade a preparar golpes profundos nas instituições democráticas. Os militantes do Partido Socialista merecem outro tipo de abordagem? Quando são eles a preparar acções de agitação e propaganda podemos ficar mais descansados do que quando são os comunistas a fazê-lo?
Quem esteve ontem na manifestação dos professores sabe perfeitamente que não houve qualquer tipo de manipulação de tamanha multidão. E quem não esteve também deve ter um mínimo de discernimento para compreender a estupidez de tal ideia, quanto mais de tal afirmação.
Não consigo compreender como podem ter tanto asco aos comunistas e ainda andarem a agitar o papão totalitário da ditadura do proletariado 34 anos depois da Revolução e fazendo Portugal parte da Comunidade Europeia.
O PCP faz parte da vida política do nosso país tal como os outros partidos mas é tratado como uma associação de malfeitores e pouca gente parece incomodar-se com isso.
Pessoalmente não gosto muito do PCP (gosto mesmo muito pouco) mas daí a considerá-lo algo de subversivo vai um passo de gigante ou uma minúscula reflexão.
Ontem não me senti "um soldado do partido comunista" nem nada que se pareça. Senti-me, isso sim, um cidadão que exerce em plenitude o seu direito a manifestar publicamente uma posição política. A Marcha da Indignação foi uma verdadeira lição de maioridade democrática. Coisa que deve deixar o Sócrates a roer as unhas e a chamar nomes feios a quem o não pode ouvir. Ele e o Santos Silva, esse denodado defensor das liberdades democráticas.


sábado, março 08, 2008

100 mil cabeças

Contas feitas, diz quem as fez, estiveram hoje entre 80 mil (contas da polícia) e 100 mil (contas dos organizadores) a descer as avenidas lisboetas até ao Terreiro do Paço. Poderemos então ficar pelas 90 mil cabeças, tentando não exagerar por excesso nem defeito.
Seja como for, assistiu-se a uma manifestação como não há memória em Portugal. Se, a fazer fé nos números oficiais, há 136 mil professores no activo, então, esta tarde, estiveram aproximadamente 2/3 do total a marchar avenida abaixo. Viemos de todo o lado. Do Minho ao Algarve, de autocarro, de automóvel, de barco, a pé, de comboio, todos os meios de transporte foram bons para nos levar até ao local de concentração.
A manifestação surpreendeu pela dimensão, ultrapassando os números mais arrojados que os organizadores pudessem ter sonhado. Foi uma prova de que a ministra não tem razão em insistir que os professores descontentes não devem compreender a bondade das medidas que ela vai impondo sem diálogo nem sombra de tino. Eram demasiados professores. Ou as propostas são muito complicadas de perceber (quase impossíveis de perceber) ou então, na verdade, não têm qualidade para ganhar a simpatia da classe docente.
Na minha perspectiva, as medidas impostas pela actual equipa ministerial têm um único objectivo que é o de conter gastos com a Educação ao nível dos ordenados dos professores. Nada mais interessa a esta corja de nabos que nem sequer é capaz de organizar de forma coerente um conjunto de acções que sirva de maquilhagem aos seus propósitos. São maus a governar, péssimos a comunicar e verdadeiros palhaços na hora do debate.
Hoje estiveram por ali perto de 100 mil cabeças destapadas, sem receio nem ódio. Foi a marcha da indignação.
Temo apenas que as personagens no poder não compreendam nada daquilo a que assistiram. Elas já provaram que é muito limitada a sua capacidade de compreensão. Mais do que seria aceitável.

sexta-feira, março 07, 2008

Amanhã há Marcha!

Amanhã é dia de ir à rua mostrar a estas personagens que não estamos aqui para lhes aturar as brincadeiras de ânimo leve.

A Sra. Ministra parece começar a piar mais mansinho. Parece que quer explicar às pessoas as políticas que tão denodadamente defende com mais unhas que dentes. Mas a coisa não lhe sai bem. Ela não sabe conversar, não tem arte para o debate. Mesmo a mandar ela é fracota. Faltam-lhe competências essenciais. Entre as competências que nítidamente lhe falecem podemos incluir o bom senso, elemento essencialpara manter uma conversa civilizada e decente. Quando a contrariam, a Sra. perde logo a compostura. Fica coraducha, cerra a fineza dos lábios e muda para o olhar matador. A pertir daí, desviem-se que aqui vai disto.

Já o Sr. Secretário surge nesta imagem comosurge sempre. Em fundo, como quem não quer a coisa. Se fala só diz enormidades. Se está calado está a pensar que devia falar. Uma lástima.

Todos juntos (falta aqui o 3º elemento desta santíssima trindade) não chegam a fazer um. Valem muito pouco. O problema são os lugares que ocupam. Aí, apesar do pouco que valem, conseguem fazer muita mossa.

Por essas e por outras amanhã vou estar na marcha. Eu e muitos milhares de colegas e cidadãos fartos de tanta prepotência incompetente. Só para mostrar a esta gente que a impunidade não dura eternamente. Chega o dia em que vão ter de prestar contas.




sábado, março 01, 2008

Juno, nome de divindade


http://www.foxsearchlight.com/juno/

Ora aqui está um filme que põe uma pessoa com a moral em cima. A narrativa passa por nós a correr, ligeirinha, com pantufas de peluche. O casting é absolutamente irrepreensível. Cada uma daquelas personagens é exactamente aquele actor e vice-versa. A banda sonora dá à coisa aquele aspecto adolescente, meio desajeitado, a namorar a borbulha infectada. O argumento foi "oscarizado". É um bom argumento, com muito pouca moral americana, mas também não chega a ser bem uma crítica feroz. Para utilizar uma linguagem mais a dar para o crítico encartado, diria que se trata de um argumento mordaz. As personagens são (quase) todas tão positivas que se nota perfeitamente estarmos perante uma fábula. Não há tanta gente tão fixe assim aglomerada por metro quadrado. Uma história tão mirabolante só pode ser do tempo em que os animais falavam e se pareciam tanto com pessoas que agora confundimos tudo e não percebemos quando estamos a ver um elefante ou uma girafinha bébé que, realmente, não são pessoas embora pareçam mesmo. São animais que falam. Não há pessoas daquelas! Não há pessoas tão boas e, muito menos, com um sentido de humor tão arrasador e contínuo.
Enfim, um filme light que faz bem ao corpo. Para limpar a alma.

Segue o tema musical que abre o filme (não sei quem é o cantor mas, já agora, há mais uns quantos vídeos interessantes entre os que o YouTube oferece)