domingo, setembro 30, 2007
Um conto de fadas aos pontapés
Resumindo: trata-se de um filme light, para ver com toda a família que serve uma história bem urdida e narrada em velocidade de cruzeiro com eficácia visual quanto baste para fazer do espectador uma pessoa feliz no momento em que as luzes da sala se acendem para iluminar o caminho de regresso ao mundo real.
Merece umas quantas estrelinhas no universo pouco dócil dos críticos de cinema do Público (http://cinecartaz.publico.clix.pt/filme.asp?id=182546). Pronto, está bem, só lá está a opinião de Jorge Mourinha que está longe de ser um ogre do calibre dos seus colegas da crítica cinematográfica naquele jornal.
Divirtam-se...
Menezes=Sócrates
A ascensão de Luís Filipe Menezes ao lugar de carrapito no cocuruto do aparelho do PSD é sintomático. O partido pretende a todo o custo substituir o PS na mesa do orçamento do estado e não hesita em eleger como chefe um refinado menino da mãmã, no qual aposta e deposita esperanças para poder competir com o inefável José Sócrates. O PSD, como partido popular que reclama ser, põe em prática o velho adágio que postula que "Para vigarista, vigarista e meio".
A política actual deixou de se fazer com ideias e, muito menos, com ideologias. Sacos-de-vento e penteados, muita base para cortar o brilho dos projectores nos estúdios de TV e discursos estudados ao pormenor de um dedo mínimo que se estica num gesto de máxima indignação e pronto: temos os políticos pós-modernos. Infelizmente não prestam nem para engraxar os sapatos. Não prestam para nada.
sexta-feira, setembro 28, 2007
Tretas
Por uma vez na vida Santana Lopes deixa-me bem impressionado. Realmente a mania dos "directos" sem assunto e com repórteres em overacting é um mau hábito da televisões. A chegada de Mourinho aos trambolhões é um péssimo pretexto para interromper uma entrevista seja a quem for. Mesmo a Santana Lopes que tomou uma atitude, no mínimo, interessante.
Já quanto ao interesse do tema "eleições no PSD" é tão estimulante como... a chegada de Mourinho ao aeroporto da Portela. Uma treta.
terça-feira, setembro 25, 2007
Anedota
O que torna a coisa ainda mais engraçada é que o Sr. Presidente parece acreditar no que está a dizer. As coisas em que um gajo pode acreditar...
Autoproclamação?
Da parte que me toca estou convencido: Sócrates é engenheiro! E é-o porque assim o desejou e os desejos de um homem como Sócrates são para serem satisfeitos, ponto final. Como todos os grandes estadistas, Sócrates não está para se deixar atrasar por questiúnculas de pequena monta no cumprimento dos seus superiores desígnios. Na nossa qualidade de cidadãos insignificantes podemos apenas agradecer a quem lhe forjou os seus sonhos mais selvagens em dura realidade. Obrigado, vigaristas da minha terra. Muito obrigado.
domingo, setembro 23, 2007
Uma coisa extraordinariamente bela
"Dead Man" é um dos mais belos filmes que vi em toda a minha vida (e, amigo leitor, podes crer que já vi mais que muitos!) Talvez o filme me tenha vindo dançar uns passinhos na memória por ocasião do suicídio do Pedro Alpiarça. Em ocasiões assim um gajo recorda os amigos que já lá vão. E quando alguns dos mais queridos se lembraram de corrigir os destinos da Mãe Natureza encurtando as suas narrativas particulares bruscamente, com um ponto final pouco óbvio de tão negro e perfeitamente estúpido, as memórias dançam, mas dançam com sapatos de salto alto a espetarem-se-me no cérebro.
Esta noite está mais mórbida que uma gravura do Mestre Goya. Rai's partam a puta da Ceifeira que nos rouba tanto riso por troca com o incerto pavor da sua inevitável visita.
Obituário
É (foi) hoje (ontem) velado na Sociedade Guilherme Cossul o corpo do actor Pedro Alpiarça, que (ante)ontem à tarde se atirou do 5.º andar do Hospital de Santa Marta, onde tivera uma consulta.
sábado, setembro 22, 2007
Festa!!!
sexta-feira, setembro 21, 2007
Ver de Fazer 11
Há trabalhos de alunos da Escola, de ex-alunos da Escola e de professores da Escola. Pintura, escultura, desenho, colagens, vídeo e sei lá que mais. Hoje o Tiago vai tocar guitarra eléctrica e a Sofia (acho que é esse o nome dela) vai cantar. Vai haver muita gente, como de costume. Vamos encontrar pessoas que já andam por outras paragens das suas existências e vão aparecer os pais e os irmãos mais novos e vamos estar bem dispostos, numa celebração anual de entusiasmo e crença nas nossas capacidades para fazermos desta vida e desta cidade um sítio onde possamos estar mais à-vontade hoje do que ontem e muito melhor que tresantontem.
Enfim, esta é uma noite interessante, em que muitos jovens teenagers irão, pela primeira nas suas vidas, ter obras expostas numa galeria pública no centro de Almada e que conta diáriamente com um número muito interessante de visitantes.
Ao eventual leitor deste post fica feito o convite (um pouco tardio para a inauguração mas muito a tempo para a exposição) para passar por lá e ver com seus próprios olhos.
Tenho muito orgulho em participar na organização do evento e com trabalhos meus, lado a lado com os meus alunos, colegas e outros amigos.
A partir de hoje e durante uma semana ali mesmo no centro da cidade (em obras).
Até mais logo.
Para informação mais detalhada clicar sobre a imagem da autoria do Professor Luís Miranda.
quarta-feira, setembro 19, 2007
O Middle West
terça-feira, setembro 18, 2007
Sorrisos
segunda-feira, setembro 17, 2007
Silêncio
sexta-feira, setembro 14, 2007
Um filme daqueles!
quarta-feira, setembro 12, 2007
Passou
segunda-feira, setembro 10, 2007
Quem somos? De onde vimos? Para onde vamos?
Bom, é claro que, caso esteja a pensar abrir a tal empresa, convém ponderar alguns aspectos novos na realidade social do Portugal profundo, aspectos esses também da responsabilidade da genialidade de alguns dos nossos actuais ministros e respectivos ministérios (que estes gajos, os ministros, são, muitas vezes, meras máscaras, fachadas com um oríficio fonador que se limitam a deitar cá para fora os soundbites relativos a ideias que raramente são deles, são uma face visível do mostrengo que nos governa).
Estou a lembrar-me dos Centros de Saúde que fecharam por esse país fora. Se pretende tornar-se empresário e gozar dos 15% de benefícios fiscais oferecidos pelo governo do PS convém que seja saudável ou então, caso sofra de bicos-de-papagaio, tente abrir o seu negócio perto de um Hospital regional.
Além de saudável deve também ser solteiro ou, pelo menos, não ter filhos. Isto, claro, se pretender abrir a sua empresa numa zona onde tenha sido fechada recentemente a escola primária. Claro que se os seus filhos estiverem já em idade universitária os seus problemas são outros.
Isto para não falar das pessoas que irão trabalhar consigo ou para si. Das duas uma: ou as leva consigo ou as recruta lá, no Portugal profundo. Convém que os seus futuros colaboradores sejam igualmente saudáveis e livres de compromissos com menores de 18 anos, tudo isto dependendo, claro está, da localização exacta do seu sonho tornado realidade: benefício fiscal de 15%... caramba...
Parece haver aqui uma certa esquizofrenia (para não lhe chamar falta de coerência ou destrambelhamento total). 1º fecham-se Centros de Saúde e Escolas empurrando progressivamente as populações mais jovens em direcção às cidades. Depois vem-se com esta ideia de beneficiar empresários que queiram construir um mundo diferente no interior do país. Uma no cravo outra na ferradura!
Não parece fazer muito sentido mas, se percebermos que as medidas tomadas são iluminadas pela deusa Economia, então talvez dê para perceber que não têm de primar pela sensibilidade ou por uma particular inteligência humanista. São números, ideias sem alma, coisas frias com laivos de estupidez da grossa quando analisadas sob o ponto de vista de uma inteligência mais emocional.
Mas pronto, é o governo que temos e o 1º ministro pode ter sido um universitário de quarta categoria numa universidade manhosa mas é nosso e, por enquanto, não temos outro. Por isso convém acarinhá-lo para que não tenha a tentação de fugir (como o outro) e acabe a nomear algum sucessor para o cargo ainda pior do que ele.
Cruzes canhoto, lagarto, lagarto, lagarto!
sábado, setembro 08, 2007
Arguido
Os meios de comunicação muito contribuem para esta salsada ao atirarem grandes títulos, gordos e tonitruantes, para as primeiras páginas. FULANO DE TAL FOI CONSTITUÍDO ARGUIDO NO PROCESSO!!! Pronto. Está frito, cozido, assado e escalfado! É como se não houvesse mais nada a fazer senão decidir a cor do fato que irá usar na prisão. A confusão instala-se, a populaça aparece de imediato, saída de debaixo das pedras da calçada, ululante, reclamando aquilo que imagina ser Justiça: o linchamento do arguido.
O célebre casal McCann, pais da pequena Maddie, desaparecida vai para demasiado tempo na Praia da Luz, foram constituídos arguidos no processo de averiguação que desde então decorre por estes lados. Outrora apaparicados por uma opinião pública chorosa, amável e compreensiva, Kate e Gerry foram apupados pela turba quando se dirigiam para as instalações da polícia, a fim de prestarem declarações. Não foram acusados de nada. Apenas passaram de testemunhas a arguidos o que lhes dá outro tipo de direitos nos interrogatórios em curso. O sistema judicial é demasiado confuso e complexo para um leigo como eu.
Na verdade estou-me bem a lixar para todo este processo, mais circense por via do mediatismo que ganhou, do que coisa séria e seca como devia ser um processo judicial discreto e circunspecto. O que me impressiona é a facilidade com que a populaça muda de opinião e atitude, ao sabor das nuances mediáticas e transforma com ferocidade os seus herois em vilões por dá-cá-aquela-palha. Espero que nos fim de toda esta feira mediática de aberrações impossíveis, sobre alguma margem para que se faça Justiça. E, já agora, caso seja possível, que prevaleça qualquer coisa parecida com a Verdade.
Até lá, deixemos os arguidos em paz.
quinta-feira, setembro 06, 2007
A Mosca no écrã
Apesar da distância cronológica (o filme foi realizado em 1986) A Mosca mantém alguma da frescura que lhe valeu elogios entusiásticos quando apareceu nos écrãs. Surpreendentemente, o aspecto "anos 80" dos protagonistas, com os seus penteados tipo Luís XIV, não provocou gargalhadas entre a nossa pequena plateia. A narrativa bem marcada e escorreita deslizou pela sala com à vontade prendendo os jovens espectadores. A coisa só tremelicou um pouco quando a transformação do Dr. Brundle (Jeff Goldblum) começou a tornar-se mais evidente. Principalmente o mais pequeno dos espectadores, o Pedro de apenas 10 anos, teve alguns momentos um pouco mais emotivos, por assim dizer. Mostrou sabedoria ao fechar os olhos sempre que eu lho aconselhava, nas cenas em que os efeitos especiais, muito crús, poderiam tornar-se um pouco mais arrepiantes. Não resistiu a uma espreitadela desaconselhada, o que lhe arrancou alguns gritinhos.
No final algum nojo e muito bom humor coloriram os comentários. Tudo somado tratou-se de uma noite gloriosa para o realizador canadiano que ganhou mais dois potenciais espectadores (já lhes aconselhei eXistenz, uma vez que os jovens gostam tanto de jogos e realidade virtual) e acabámos bem divertidos.
Entretanto tenho ali em cima da mesa Taxi Driver. Mas esse será visto em sessão mais restrita.
quarta-feira, setembro 05, 2007
Ele detesta(va) o poder!
Ver paulo Portas nestas imagens não deixa de ser uma experiência estranha. O tom de voz afectado, os gestos amaneirados e, sobretudo, o discurso disparatado, não colam com o Paulo Portas do vídeo que se segue. Aqui Portas afirma que é "geneticamente contra o poder", que o poder é a pior coisa do mundo e que caso algum amigo um dia venha a ser ministro ele deixará de lhe falar! Um gajo diz cada tolice. A cereja em cima do bolo é a conversa sobre o Ministro do Mar que fecha esta peça de antologia (note-se bem a colecção de cromos que estão naquele friso, é de loucos!).
Ha,ha,ha,ha, então não é que Portas chegou a Ministro! Certamente deixou de falar consigo próprio o que explicará muitas das cretinices que tem cometido ao longo da sua vida política. Depois temos a celebérrima cena do espanto do Paulinho quando soube que seria Ministro dos Assuntos do Mar. Essa cara de parvo é impagável. A cara de parvo e a pose empertigada de menino da mamã que a seguir ele põe, todo esticadinho, a fazer gala da sua alegria de tontinho, com o coração aos pulos.
Este episódio foi um dos muitos que contribuiram para o asfixiamento de uma certa criança na incubadora, na linguagem colorida do homem que anda por aí. A imagem de desorganização total e estupidificante dada por um palhaço que fica surpreendido quando é nomeado ministro não tem paralelo nem nos sketches mais mirabolantes dos Gato Fedorento. Este é um caso daqueles em que a realidade ultrapassa (de longe) a mais delirante ficção.
Vai-te esconder, ó Paulo. Tem vergonha que eu também.
Fanzine
terça-feira, setembro 04, 2007
O fim
As tropas inglesas já vão saindo de Bassorá. Vão de fininho, sem grandes ondas, em tom a fazer lembrar fim de festa. A ressaca é grande e, como qualquer adolescente após ter feito asneira da grossa por ter levado os instintos animais para lá de Marraquesh, os soldados de Sua Majestade deixam passar algum ressentimento. Ao que consta, altos responsáveis das tropas britânicas, revelam agora que desde os primeiros encontros com Rumsfeldt tiveram a sensação de que não havia planos consistentes para depois da invasão. Numa exibição de suprema estupidez, os senhores da guerra norte americanos sempre estiveram convictos de que os iraquianos iriam aplaudir as tropas invasoras, sequiosos de Coca-Cola e hamburgueres manhosos, agitando bandeirinhas em intermináveis desfiles celebratórios. Não há memória de tamanho erro de cálculo!
Bush fez a surpresinha de aparecer no Iraque para dar umas palmadas nos costados da soldadesca e garantir que caso os "êxitos actuais" (!!!???) da política americana no Iraque se mantenham serão necessárias menos forças no terreno. Se assistimos ao êxito americano nem quero pensar o que seria do Iraque e dos iraquianos caso as coisas estivessem a dar para o torto.
Com os "bifes" em maré vazante e a guerra civil em cavalgada constante só mesmo Bush consegue estar sorridente e confiante num futuro radioso. O homem ou é verdadeiramente um pobre de espírito, dos mais pobres que a Humanidade jamais teve oportunidade de lamentar, ou então é verdadeiramente aquilo que a criancinha da imagem anuncia com aquele sorrisinho maroto de quem, tal como Bush, não sabe bem o que está a fazer mas até acha piada à coisa.
Seja como for, o fim da aventura assassina no Iraque está para breve, pelo menos para os ocidentais que para os iraquianos a coisa vai manter-se por muitos e duros anos. Será que o maluco de Washington está já a pensar bombardear o Irão? Há indicadores pouco animadores nesse sentido. Deus nos livre.
segunda-feira, setembro 03, 2007
Samões
Museu Berardo
sábado, setembro 01, 2007
SE7EN
Revi-o ontem à noite em DVD que recolhi na Biblioteca Municipal, uma edição da Série Y que saiu com o jornal Público. É uma edição de fraca qualidade que não respeita na íntegra o formato da imagem mas, enfim, um gajo sempre pode fazer olhos de consumidor e fingir que não repara.
Embora tenha visto o filme apenas na altura em que passou aí pelas salas de cinema, recordava muitas cenas com um rigor fotográfico que me surpreendeu. Isso mostra até que ponto Se7en se me cravou fundo no cérebro e passou a fazer parte da minha memória individual.
Mais do que a violência explícita de algumas imagens, Se7en impressiona pela violência implícita, aquilo que não vemos muito bem mas podemos intuir pelas expressões dos actores ou pelas suas reacções em determinadas cenas.
O momento mais brutal em todo o filme, aquele momento marcante que me deixou a pensar na vidinha, é quando os detectives transportam o assassino no banco traseiro de um carro, separados por uma rede, como quem transporta um animal selvagem e o mais jovem o acusa de matar inocentes. Então o animalesco John Doe (Kevin Spacey) debita um discurso verdadeiramente atroz e cruel. Animado por uma lógica inumana e implacável mostra como todos nós somos tudo menos inocentes e, como tal, na sua perspectiva enviesada do mundo e das pessoas, todos somos merecedores dos mais atrozes destinos, como o foram as suas vítimas.
Depois as cenas finais, em que o argumento fecha num grande final delirante de maldade e violência interior de forma sublime e simplesmente brilhante.
Uma obra prima. A rever.