quinta-feira, janeiro 25, 2007

Anos 80 (em Serralves)

A exposição "Anos 80, uma topologia", patente na Fundação de Serralves, é uma daquelas que deixam o visitante mais incauto com a cabeça à roda.
Arte contemporânea pura, dura e algumas peças alienígenas, ocupam a totalidade do espaço de exposição (aproximadamente 4000 m2). Salas atrás de salas e em cima de outras salas carregadas de peças de uma montanha de diferentes artistas, oferecem-se ao olhar num imenso e intenso bric-à-brac.
A densidade informativa desorienta o mais pintado e a variedade de linguagens, técnicas e propostas estéticas é um desafio aos estômagos mais blindados.
No meio de tudo aquilo houve um artista que me prendeu mais a atenção. Jimmie Durham, um Cherokee meio alucinado, tem um conjunto de peças de fino recorte em exibição que proporcionam uma ideia barbuda do seu imaginário. O seu "Dead Deer" (na imagem) sangrando estrelas da boca, esfolado e descarnado, num misto de terror e caricatura anedótica, foi das peças que mais me impressionaram. Por ali me demorei um pouco apesar de já estar meio estonteado pela overdose que estas exposições sempre me provocam. Saí com a firme intenção de me informar um pouco mais e melhor sobre este mostronço. Brevemente tentarei voltar a ele com maior atenção.
Resumindo, uma grande exposição (a large one) capaz de confundir ainda mais quem não estiver particularmente informado sobre o fenómeno artístico contemporâneo e que certamente fará as delícias dos outros, os que se interessam pelo fenómeno. A não perder ou até mesmo antes pelo contrário.
Quanto mais não seja constitui motivo suficiente para (mais) um passeio nas entranhas do edifício de Siza.

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