Ser um zombie e saber o que se é custa e dói. Nem sempre me apercebo dessa minha condição de morto-vivo (umas vezes mais morto outras nem por isso) mas a sensação está lá, alojada nalguma prega do meu cérebro. Zomzomzomzomzom, a moer, a moer, a moer, zom, zomb, zombi, zombie!
Quando a coisa bate, olho em volta e vejo. Vejo os outros que, como eu, arrastam os pés, caminhando todos na mesma direcção, olhares vazios, caras pálidas uns, apáticas outros, narizes a apontar ao peito, muitos. Raspamos a plataforma com as solas dos sapatos, dos ténis, das botas, das sandálias, a variedade dos trapinhos dá-nos uma falsa sensação de individualidade.
Não! Somos todos iguais perante a morte, na putrefacção e na morte. Aquele já não tem nariz, o outro perdeu parte do couro cabeludo, a senhora do vestido vermelho precisa de encontrar umas pernas ou então nunca mais vai sair dali.
Talvez até fosse divertido.
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